Primeiros trechos recebem pavimentação nos próximos dias, reafirmando a luta pela integração do Acre
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O trecho total entre Feijó e Sena é de 224 quilômetros. O Governo dividiu esse percurso em seis lotes para asfaltamento e um para construção de duas pontes. Nos próximos dias com o início da aplicação do AAQO (codificação para "asfalto usinado quente"). Para este sábado, 27, está prevista a pavimentação asfáltica de 1.520 metros desde o "marco zero" do trecho, que começa na usina de asfalto do Deracre até a ponte sobre o Igarapé Ciência, em Feijó. No lote 6, a construtora Camter tem quase prontos para aplicação da camada asfáltica cerca de oito quilômetros, desde o fim do asfalto em Sena Madureira até dois quilômetros acima da ponte do Caeté, no sentido Feijó.
No lote 1, a semana foi dedicada às derradeiras ações para aplicação do solo-cimento, material obtido através da mistura homogênea de solo, cimento e água em proporções adequadas e que, após compactação e cura úmida, resulta num produto com características de durabilidade e resistência bem definidas. Se confirmada a previsão do tempo, que é de sol para este fim de semana, está mantido o cronograma de asfaltamento para o sábado.
O encarregado de asfalto da Construmil – empresa responsável pelo lote 1 -, Ronaldo Ferreira, diz que, devido à boa jazida de solo arenoso encontrado a alguns quilômetros de Feijó, o uso de cimento naquele trecho será menor que o registrado entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul, onde a empreiteira também atuou nos últimos anos. “Vamos usar 3 mil sacas de cimento por quilômetro. No outro trecho da mesma BR-364, chegamos a usar 5,6 mil sacas por quilômetro”, disse. A dificuldade, segundo ele, é o transporte do material até as frentes de trabalho.
O asfaltamento a ser usado é de tratamento superficial duplo, que requer, depois da terraplanagem e da aplicação de solo-cimento, três camadas de brita 1, brita zero e AAOQ – o asfalto, como ele é popularmente conhecido.
A Construmil tem cinco quilômetros prontos para receber o solo-cimento. Ou seja, já concluiu todo o trabalho de implantação de obras de arte correntes e de terreplanagem, mas quer asfaltar vinte quilômetros até o próximo dia 20 de outubro. O trabalho de movimentação de terra deve durar mais três semanas em 2008. As empresas asseguram que todas as metas estabelecidas para este ano estão sendo cumpridas.
Asfalto já integrou 25% da população no Juruá
Tão-logo foi concluído, o asfaltamento do trecho da BR-364 entre Cruzeiro do Sul e Tarauacá integrou 25% da população do Acre, num incremento social e econômico que proporcionou, entre vários outros fatores, uma nova lógica no abastecimento de produtos e mercadorias – em Cruzeiro do Sul, por exemplo, a dificuldade era quanto à carne bovina, produto de fartura no Vale do Envira/Tarauacá. Com o asfalto, o mercado cruzeirense alcançou regularidade e estabilidade no abastecimento de carne de boi.
No primeiro ano de uma outra configuração geoeconômica no Juruá, surgiram novas regras típicas de mercado. O fluxo de cargas já é 100% maior que em 2007, o que significa que um número maior de caminhões está fazendo o mesmo percurso e há mais camioneiros e trabalhadores partilhando os lucros desse processo. Muitos reclamam que estão ganhando menos, mas o fato é que essa formatação ampliou a participação de outros agentes na movimentação financeira.
Verão 2008: movimento dobrou em relação ao ano passado
O verão 2008 ainda nem terminou e já se sabe que o fluxo de carga dobrou em relação ao verão passado, período que por sua vez apresentou aumento comparado a 2006. Até a penúltima semana de setembro, passaram pela balança do Deracre em Sena Madureira cerca de 70,5 mil toneladas de produtos diversos em direção ao Vale do Juruá. Em 2007, esse número foi de 30 mil toneladas.
Mais de 5,6 mil caminhões percorreram a BR-364 este ano, enquanto no ano passado esse número foi de 5,2 mil. Foram registrados também o fluxo de 345 motos e 141 viagens de ônibus. Mais de 1,7 mil veículos pequenos fizeram o trajeto Rio Branco/Cruzeiro do Sul no período.
À medida que vai se aproximando o fim do verão, as cidades ao longo da rodovia a partir de Sena buscam formar estoques para suportar os sete meses de chuvas – fenômeno semelhante ao da liberação do tráfego, no início do verão, no fim de junho, quando se registra um grande fluxo de veículos de cargas em direção a Manuel Urbano, Feijó e Tarauacá. Ou seja: nas duas primeiras semanas da reabertura e na quinzena de fim de setembro e começo de outubro é quando o movimento de mercadorias é mais intenso.