Dificuldades como falta de condições financeiras, excesso de burocracias, mobilidade para idas e vindas ao cartório são impedimentos enumerados pelos moradores do Bairro José Hassem de Epitaciolândia, que os levaram a uma espera de mais 30 anos pelos títulos definitivos de suas propriedades, que serão entregues nesta sexta feira, 1º de julho, pelo governo, na quadra esportiva do bairro.
Um total de 756 moradores serão beneficiados com o recebimento dos títulos dos lotes, identificados, mapeados e regularizados pelo governo, por intermédio do Instituto de Terras do Acre (Iteracre). Essa entrega, que cumpre o compromisso de gestão de concessão gratuita do documento, devidamente regularizado, corresponde a um investimento do Executivo de mais de R$13 milhões.
“Quase 60 anos na lida como seringueira, é a primeira vez que vou ver um governador de perto, e para receber o documento dizendo que minha casa é minha mesmo. Parece um sonho”, reconheceu a trabalhadora rural Maria Rodrigues de Souza Filha, durante visita técnica da equipe do Iteracre, para ajustes finais antes do evento de entrega de títulos.
Maria Rodrigues tem 68 anos, é viúva, aposentada, mãe de 13 filhos, ressalta que mesmo não sabendo ler, sabe o valor que tem o documento a ser entregue para os moradores do bairro, na manhã desta sexta-feira.
“Sou analfabeta, mas conheço dinheiro e por isso sei o valor que tem o documento da minha casa”, disse.
O trabalhador rural José Ailton de Amorim, 64, garantiu que faz questão de participar da cerimônia de entrega do título de sua propriedade, pois ainda “custa a acreditar” que seja real, já que, como um dos primeiros moradores do bairro, já viu inúmeras promessas jamais cumpridas e muitos cadastramentos que não deram em nada.
O morador Jânio de Lima Paes, 39 anos, casado, pai de duas filhas , garante o sustento da família com sua barbearia no bairro e reconhece a importância de receber o título de propriedade de seu lote, onde mora e trabalha, pois, segundo ele, “o trabalhador não tem condições de gastar tanto dinheiro com documentos e nem perder tanto tempo com burocracias”.
“Nosso tempo é precioso para o trabalho. O que ganhamos é para o sustento da família e investimentos em materiais. Reconheço o quanto esse documento é valioso e sou muito grato ao governo”, enfatizou.
Maria Valdenice Araújo de Oliveira, 36 anos, que tem dois filhos e também mora e trabalha com um pequeno negócio no bairro, comemora o recebimento do documento de propriedade de sua casa, que, a partir de agora, vai estar valorizada por ter como comprovar a posse.
“Estou muito feliz pela segurança que terei. Caso me aconteça algo, a casa fica legalizada para meus filhos”, considerou.
“Estou em dias de ganhar neném, mas vou prestigiar a cerimônia de entrega do título assim mesmo, pois é o melhor presente que posso ter, junto com a chegada do meu primeiro filho”, comemorou Ana Maria Miranda, 24 anos. Ela pertencente a uma família de trabalhadores rurais e está na cidade esperando o momento do nascimento do filho, enquanto os demais parentes estão na lida do campo.