Uma questão de escolha

Sob a supervisão da grande jurista Solange Fagundes, ainda em 2006, eu escrevi meu trabalho de conclusão do curso de jornalismo com o tema “Ética e Legislação na imprensa acreana”. Eu ainda era uma menina, quando pela admiração das aulas da então professora de ética me apaixonei por esse tema e todas as suas nuances.

Tinha muitos sonhos na profissão. Sonhava que poderia escrever para muitos jornais impressos, que poderia fazer muitas reportagens sobre pessoas de bem, sobre sonhos, sobre a vida, sobre o mundo.

Queria conhecer muitos lugares diferentes, nossos rios e florestas. Sonhei ainda em ser uma apresentadora famosa, conhecida e muito assistida.

Pois bem, com o passar dos anos realizei alguns desses sonhos. Fui em muitos lugares, conheci muita gente, escrevi para uma revista legal. Me diverti muito em várias matérias. Paguei alguns micos em outros momentos.

Houve uma época em que me senti tentada a mudar de curso, por um outro que daria mais status. Não aceitei. Muitos diziam que o jornalismo não me traria nenhum futuro, porque era uma profissão em extinção. Isso me ajudou, me motivou e até me projetou para querer fazer o melhor. Nessa profissão realizei alguns sonhos, como fruto do meu esforço, trabalho e por crer que há alguém que rege e cuida de todas as coisas.

Depois de tudo, percebi que trilhei o caminho certo!

Infelizmente, aquele jornalismo ético que estudei, pelo qual me apaixonei um dia, tem dado lugar a uma eterna briga de egos, à intromissão exagerada na vida privada, pela informação duvidosa e contestável, pela falta de ouvir o outro lado da informação. Confundiram a comunicação/jornalismo com  opinião pessoal. Pessoas, famílias e reputações têm sido destruídas sem nenhum escrúpulo, de modo a chamar a atenção e multiplicar os likes na rede social. Likes, aliás, têm tido mais importância que as pessoas.

A que ponto chegamos!

Apesar disso, ainda acredito nos códigos de ética do jornalismo. Acredito na informação com valores e preceitos e na verdade como uma busca constante. Quem sabe eu esteja sonhando alto demais. Mas, enquanto houver sonho, haverá alguém que lute para ser melhor, para alcançar um alvo, um objetivo, uma realização.

E, daqui, vou continuar tratando a comunicação como assunto sério e de grande responsabilidade. Vou continuar trabalhando pela informação verdadeira e autêntica. Aquela mesma comunicação que comecei a aprender desde o primeiro dia em que sentei no banco de uma universidade.

Sonho? Para alguns, talvez. Para mim, vai além da ética. Algo que não se aprende no banco da escola ou faculdade. Tem a ver com caráter. E caráter, cada um tem o seu.

Nayara Lessa é graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pelo Instituto de Ensino Superior do Acre e mestra em Letras pela Universidade Federal do Acre. Atualmente é secretária de Comunicação do Governo do Estado do Acre.

 

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