Planos de Gestão do PDSA II confirmam potencial de produtos do Acre

Por Roseneide Sena*

Já está mais que comprovado que o Acre existe!

O que muitos ainda desconhecem é que o Acre possui enorme almoxarifado de serviços ecossistêmicos, ou melhor, um grande almoxarifado de soluções e negócios baseados na natureza.

São oito órgãos públicos estaduais envolvidos diretamente na execução do Programa: Seplag, Sema, Sepa, Seict, Imac, Funtac, Iteracre e Ieptec, além das instituições parceiras no elo do ensino e da pesquisa (Ufac e Embrapa), ofertando serviços, gerando soluções e contribuindo para a transformação da realidade das comunidades. Foto: Arquivo Secom

O extrativismo florestal não madeireiro, a hortifruticultura, os SAFs – Sistemas Agroflorestais – e os LPFs – Sistemas de lavoura, pecuária e floresta – foram as estratégias desenvolvidas pelos planos de gestão do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre – PDSA Fase II, desde a sua concepção, lá em 2013.

Muito se investiu para garantir mais negócios a partir dos produtos que são compatíveis com nossas florestas. Do açaí à acerola, ao abacaxi, ao maracujá, à graviola, à banana, à mandioca até as oleagionosas, como a castanha, o buriti e o cocão.

Executamos 20 planos de gestão para a fruticultura, envolvendo as culturas de maracaujá, graviola, acerola e açaí. São mais de 7.900 pequenos agricultores atendidos pelo PDSA II com a oferta de assistência técnica e extensão rural. Em 2020, o Acre produziu 361 toneladas desses artigos, sendo a grande maioria oriunda dos planos de gestão do programa.

Entre os projetos de sucesso não madeireiro, está o da Cooperativa de Produtores Familiares e Economia Solidária da Floresta do Mogno (Coopermogno), em Tarauacá, denominado Desenvolvendo a Cadeia de Valor do Cocão. A iniciativa atende 222 famílias moradoras do Complexo de Floresta Estaduais do Rio Gregório (Cferg) que trabalham na safra anual de coleta do cocão. Foto: Elynalia Lima

Eles fazem parte de uma lista de 64 artigos já exportados pelos estados da Amazônia Legal, com total compatibilidade com as florestas. E que, de acordo com estudo do Imazon, esses artigos movimentam um mercado global bilionário, em torno de US$ 176 bilhões de dólares.

A Amazônia Legal fornece apenas US$ 298 milhões de dólares por ano, o que chega a apenas 0,17% do mercado mundial para esses produtos.

O Acre já participa dessa fatia exportando a castanha. Em 2020, o volume exportado foi de 11% de todos os produtos exportados pelo Acre.

Mas, se você ficou impressionado, saiba que temos potencial para muito mais!

O mercado global interessado em suco (sumo) de qualquer fruta ou produto hortícola é de US$ 2,5 bilhões de dólares; para frutas congeladas, não cozidas ou cozidas em água (nossa banana comprida), há mercado de US$ 2,8 bilhões de dólares, o abacaxi, para suco não fermentado, um mercado de US$ 360 milhões de dólares.

Sabe quem está aproveitando esse mercado todo?? A Bolívia, o Peru, até o Vietnã.

E se você acha que isso é desmotivador, se enganou. Como bem gosto de parafrasear, “enquanto uns choram, outros vendem lenços” .

Nossa região possui vantagens competitivas bem evidentes pelas florestas, os rios, e o clima favorável ao cultivo desses produtos.

O governo do Estado apostou num projeto amplo, no qual incentiva a produção e impulsiona o processo de geração de renda para as pequenas propriedades rurais de produção familiar. Como a ocupação do estado é historicamente associada ao aproveitamento dos produtos da floresta, a preocupação central do programa foi implementar um modelo de desenvolvimento a partir do manejo e conservação dos recursos naturais, com estímulo ao setor produtivo e oferta de infraestrutura. Foto: Arquivo Secom

Estamos aptos a essa nova economia de baixo carbono, que busca se aproximar das demandas de consumo de uma sociedade, cada vez mais exigente em relação aos cuidados com o meio ambiente, garantindo prosperidade econômica e transformação social às comunidades tradicionais.

O PDSA Fase II se encerra em novembro de 2021, deixando um grande legado e muitas lições aprendidas, com a certeza que existe um mundo de oportunidades para a produção compatível com nossas florestas, sem aumentar o desmatamento.

Roseneide Sena é administradora, mestre em Administração e chefe do Departamento de Gerenciamento do Programa BID da Secretaria de Planejamento e Gestão do Acre (Seplag)

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