Acre transfere primeiros pacientes para Manaus devido à alta ocupação de leitos hospitalares

O governo do Estado transferiu na noite desta sexta-feira, 19, três pacientes com Covid-19 para Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no Amazonas. Por conta da grave crise enfrentada no estado, com o sistema de saúde colapsado em virtude da pandemia, os pacientes, com idade entre 53 e 74 anos, foram encaminhados para o Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz, referência para casos de coronavírus, em Manaus (AM).

Paciente com suporte de ventilação não invasiva saindo da ambulância e sendo levado para a aeronave da FAB. Foto: Diego Gurgel/Secom.

A equipe estava preparada para embarcar cinco pacientes, mas um deles acabou desestabilizando ainda no Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into-AC) e o outro, de 33 anos, não teve autorização da família para seguir viagem, que acabou desistindo no último momento.

A medida é para suprir a demanda gerada com o aumento de hospitalizações na rede de saúde pública do Acre, sendo necessário articular a transferência de pacientes para outras localidades, a exemplo de Manaus, no Amazonas, que se colocou à disposição para prestar assistência aos pacientes, até que a taxa de ocupação de leitos, hoje com 100% de ocupação, diminua no estado.

Secretário de Saúde, Alysson Bestene fala de operação gratidão ao estado vizinho. Foto: Diego Gurgel/Secom.

Para o secretário de Estado de Saúde, Alysson Bestene, a decisão foi tomada diante do momento de agravamento da pandemia com aumento de casos e maior gravidade da Covid-19. “O governador Gladson Cameli já vinha se articulando com o governador do Amazonas. O Acre foi um dos primeiros estados a ajudar o Amazonas no período crítico que ele se encontrava com a falta de leitos. Hoje eles retribuem a ajuda recebida”, pontua.

O governador reforça o momento de união entre os estados para vencer a pandemia. “Estendemos a mão e agora o estado do Amazonas está retribuindo. É, sem dúvidas, um momento de gratidão, de solidariedade e de muita união, pois somente com união vamos vencer esta guerra.  É muito triste acompanhar essa saída, mas temos fé que todos os pacientes voltarão para casa em breve e com a saúde restabelecida”, disse o governador Gladson Cameli que acompanhou todo o trabalho das equipes na remoção dos pacientes do Into até o aeroporto.

Governador Gladson Cameli acompanhou a transferência dos pacientes do Into ao aeroporto, onde agradeceu o empenho de toda a equipe. Foto: Diego Gurgel/Secom.

Visivelmente emocionado, o chefe do executivo agradeceu os profissionais engajados na operação de transferência dos pacientes. No aeroporto de Rio Branco, fez questão de ir até a aeronave da FAB para cumprimentar a tripulação que se preparava, com apoio da Samu, para resgatar os pacientes da ambulância até a aeronave. “Quero agradecer de coração a todos os profissionais da saúde que ajudaram na logística da transferência, a FAB e ao Ministério da Saúde pelo apoio no transporte”.

A transferência dos pacientes, duas mulheres, de 53 e 74 anos, e um homem de 73 anos, mobilizou uma verdadeira força-tarefa na capital. Dezenas de pessoas, entre profissionais do Into, Secretaria de Estado de Saúde e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), atuaram na logística do transporte do Into-AC para o Aeroporto Internacional de Rio Branco, de onde os pacientes seguiram rumo a Manaus.

“Hoje finalizamos a operação que teve início na última sexta-feira, 12, com o transporte desses pacientes. A Secretaria de Estado de Saúde do Acre continua nesse processo de articulação, de acordo com a nossa taxa de ocupação de leitos, mantendo essa porta aberta com o estado do Amazonas, além de articular com outros estados o envio de pacientes, caso seja necessário. Mas a nossa referência, neste momento, segue sendo Manaus, e o município de Cruzeiro do Sul para a transferência de pacientes, conforme concordância das famílias”, destaca Ana Cristina Moraes, gerente do Complexo Regulador da Sesacre.

Despedida temporária

Alguns familiares foram até o Into tentar se despedir dos pacientes. Thyago Santana foi um deles, que ficou esperando do lado de fora da unidade para ver a saída do pai, de 63 anos. Ele conta, que há cinco dias a família vinha buscando por uma vaga de UTI. “O senhor vai voltar, viu”, disse Thyago ao ver o pai. “É uma vitória, a família lutou muito para conseguir essa vaga, para que ele recebesse o tratamento que neste momento precisa. Tenho certeza na recuperação e retorno do meu pai para casa. Não importa o lugar, o importante é que ele fique bem. O momento é difícil, um sentimento de alívio e angústia ao mesmo tempo em saber que ele estará longe da família. Mas a gente tem fé e esperança que logo ele voltará. Agradeço de coração todas as pessoas que estiveram envolvidas para que este momento acontecesse”, diz emocionado ao se despedir do pai pela janela da ambulância do Samu.

O voo, que estava previsto para as 11 horas, devido ao mau tempo, decolou 23h32 (horário local). O transporte aéreo foi feito pelo avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que tem atuado na força-tarefa ao lado dos estados e Ministério da Saúde (MS) no enfrentamento à Covid-19.

A transferência dos pacientes de Rio Branco até Manaus, no Amazonas, foi feita em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB). Foto: Diego Gurgel.

As transferências de pacientes para outras localidades onde há disponibilidade de leitos para tratamento da Covid-19, teve início no último domingo, 14, quando o governo transferiu o primeiro paciente de Rio Branco para Cruzeiro do Sul.

 

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