Em homenagem às operárias que morreram no incêndio de uma fábrica em Nova Iorque em 1857, quando reivindicavam pela criação da licença maternidade e redução da jornada de trabalho, a data 8 de março é celebrada como o Dia Internacional da Mulher, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975. Na época, o incêndio na fábrica têxtil Triangle Shirtwaist matou 125 mulheres e 21 homens que trabalhavam no local.
O Acre tem seguido firme com a luta em prol das mulheres. O governo do Estado, por meio do Gabinete da Primeira-Dama e da Secretaria de Estado de Assistência Social, dos Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres (SEASDHM), em parceria com as demais secretarias de Estado, atuam nas políticas públicas destinadas às mulheres acreanas.
De acordo, com a primeira-dama do Estado, Ana Paula Cameli, os desafios para as mulheres se ampliaram diante de tantas dificuldades que lhe são impostas no dia-a-dia e até mesmo, em razão da pandemia do novo coronavírus, quando muitas mulheres são chefes de família e precisam colocar o alimento na mesa dos filhos.
“Parabenizo todas as mulheres acreanas pelo nosso dia. O dia de hoje merece ser lembrado para reconhecer o esforço das mulheres que lutaram para que conquistássemos o que temos hoje. Somos mulheres e a igualdade sempre será a nossa bandeira. Feliz dia da Mulher”, destacou.
Nenhuma Mulher a Menos
Sendo o Acre líder no ranking de feminicídio, a SEASDHM, por meio da Diretoria de Políticas para as Mulheres (SEASDHM) lançou a campanha “Nenhuma Mulher a Menos”, com o objetivo de fazer a divulgação dos canais de atendimento à mulher em situação de violência e a conscientização sobre as formas de denunciar e sair do ciclo violento que ameaça suas vidas. A campanha foi realizada em todos os municípios acreanos.
Caso a mulher queira realizar a denúncia e não tem como ir até a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), ou queira apenas conversar com algum profissional sobre a violência que está vivendo, a vítima pode ligar ou enviar um e-mail para diretoria, que irá encaminhar para o atendimento junto a rede de proteção a mulher.
Os canais de atendimento são o telefone (68) 99247- 7989 e o e-mail: diretoria.mulheres.ac@gmail.com. A vítima também pode ligar para os canais de disque-denúncia, a Central de Atendimento à Mulher no 180 e para a Polícia Militar no 190.
Após a denúncia se ela não tiver onde ficar, será encaminhada em seguida para a Casa Abrigo, uma instituição que acolhe mulheres que encontram-se em situação de violência doméstica e familiar, que estejam correndo risco de morte, estejam elas acompanhadas ou não de seus filhos.
“Tenho 42 anos, três filhas, uma de cada relacionamento. Fui casada durante dez anos da minha vida, depois morei junto por cinco anos e agora estou em um processo de divórcio. De todos, o meu terceiro relacionamento foi o que me tornou quem sou hoje. No início tudo muito bom, se mostrava atencioso, preocupado, apaixonado, estávamos ambos nos separando de relacionamentos anteriores. Me apaixonei e resolvi encarar esse desafio”, afirmou.
“Ele foi morar comigo na casa da minha mãe e lá aconteceu o primeiro tapa no rosto. O motivo? ciúmes exagerado do meu passado. Perdoei e ali deu-se início a uma vida de contestações onde aos poucos perdia a minha identidade. Ele começou a trocar todas as minhas roupas e comprava as que ele achava adequada para mim, e por mais que eu não gostasse, por medo de perder ele, eu me dizia grata e feliz”, ressaltou.
Os abusos continuaram, Lurdes (nome fictício, pois a vítima pediu para não ser identificada), escureceu os cabelos pois ele não gostava do cabelo loiro. “Arrumei um emprego, ele pegava todo meu salário e a pensão das minhas filhas e dizia que tanto eu como elas deveríamos ajudar no sustento da casa. Ele me jogou por diversas vezes no chão, durante as brigas, inclusive eu estando grávida de uma filha dele”, relatou.
Álvaro (nome fictício) violentou as duas filhas de Lurdes que denunciou o agressor à polícia. “Meu mundo caiu. Ali eu já não sabia de mais nada. Contei para minha irmã, que em seguida contou para todos da minha família e junto com o pai da minha filha, meu irmão foi à delegacia denunciar ele”, disse.
“Meu amigo advogado me auxiliou e mandou meu nome para a Diretoria de Políticas para as Mulheres. A psicóloga sempre atenciosa e preocupada com tudo me ajudou a identificar os pontos desse relacionamento abusivo. Cada dia de uma vez estou seguindo meu caminho, ainda sofro, ainda acho que gosto dele, ainda tenho crises. Mas tenho certeza que o tempo vai me ajudar a superar todo trauma e toda dor”, finalizou.
Patrulha Maria da Penha e Botão da Vida
“Sabemos das lutas e dificuldades que as mulheres enfrentam em nossa sociedade. É por isso que lutamos para a implementação de ações afirmativas que resolvam ou pelo menos mitiguem as dificuldades enfrentadas pelas mulheres”, destacou a secretária da SEASDHM, Ana Paula Lima.
Criada em 2019, a Patrulha Maria da Penha é composta por policiais militares capacitados para atender mulheres com medida protetiva deferida pela Justiça como forma de prevenção do crime de feminicídio. O acionamento da equipe da Patrulha Maria da Penha é feito pelo aplicativo Botão da Vida.
O aplicativo Botão da Vida é um projeto inovador e está inserido na área de políticas públicas para mulheres sendo utilizado para a aplicação da lei, em caso de descumprimento das medidas protetivas.
Ações de Fortalecimento ao trabalho das Mulheres Produtoras Rurais
Para auxiliar as produtoras rurais do Projeto de Assentamento Walter Acer, no Bujari, a Companhia de Desenvolvimento de Serviços Ambientais do Acre (CDSA), criou em julho de 2020 a Feira Sisa+, uma loja virtual com todos os produtos disponíveis. Foi criado também o Projeto Mulheres que Produzem que capacita e fomenta a produção familiar.
Maria da Penha vai às Escolas e Maria da Penha vai às Aldeias
Fortalecendo as ações de políticas públicas para as mulheres e buscando o combate e o enfrentamento à violência doméstica e familiar, foi firmado um acordo de implantação do Projeto Maria da Penha vai à Escola, no Acre.
O projeto trabalha a Lei Maria da Penha Nº 11.340/2006 nas escolas, com a preocupação de contribuir para a formação dos profissionais da educação sobre a temática e apoiá-los na implementação de projetos pedagógicos, além de orientá-los quanto à notificação das situações de violência, incluindo a violência sexual contra crianças e adolescentes. No Acre, o projeto também será implementado nas aldeias, abordando de forma diferenciada a temática conforme a cultura indígena.
“Muitas histórias marcaram a luta das mulheres para ter seu espaço na sociedade, fazendo com que o dia 8 de março não seja apenas um dia de homenagens, mas a recordação do esforço feminino, que resultou em conquistas sociais, econômicas e políticas. Por isso a importância de nos mantermos unidas no mesmo propósito para que tenhamos uma sociedade mais justa, igualitária e segura para todas as mulheres”, finalizou a Diretora de Políticas para as Mulheres, Isnailda Gondim.
A SEASDHM também realiza o apoio a mulheres migrantes que chegam no estado a procura de melhores condições de vida, disponibilizando atendimento especializado a elas. A Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres (SNPM) destinou 3558 cestas básicas para mulheres em situação de vulnerabilidade social no Acre, as cestas foram entregues em todos os municípios do Acre por meio da Diretoria de Políticas para as Mulheres em parceria com o Tribunal de Justiça do Acre.
No estado também será implementado o Núcleo Integrado de Atendimento a Mulher (NUIAM) na Delegacia da Cidade do Povo que objetiva trazer um atendimento acolhedor e humanizado as vítimas de violência e três Casas da Mulher Brasileira, que integra no mesmo espaço diferentes serviços especializados que atendem aos mais diversos tipos de violência contra as mulheres: Acolhimento e Triagem; Apoio Psicossocial; Delegacia; Juizado Especializado em Violência Doméstica e Familiar contra as Mulheres; Ministério Público, Defensoria Pública; Serviço de Promoção de Autonomia Econômica; Espaço de cuidado das crianças – Brinquedoteca; Alojamento de Passagem e Central de Transportes.