Arqueologia da Amazônia Ocidental: Os Geoglifos do Acre é primeiro trabalho sobre esses vestígios arqueológicos do Acre
Com o objetivo de divulgar os primeiros artigos escritos sobre os famosos geoglifos do Acre, levando o conhecimento ao público sobre esse importante patrimônio arqueológico da Amazônia Ocidental, será lançado nesta sexta-feira, 11, às 17h30, na Biblioteca da Floresta Marina Silva, o livro Arqueologia da Amazônia Ocidental: Os Geoglifos do Acre, organizado por Denise Schaan, Alceu Ranzi e Martti Pärssinen.
Geoglifos são vestígios arqueológicos representados por desenhos geométricos, zoomorfos ou antropomorfos de grandes dimensões e elaborados sobre o solo, que podem ser totalmente e mais bem observados se vistos do alto, em especial através de sobrevôo.
"Esses sítios arqueológicos têm sido fruto de várias pesquisas científicas, além de despertar a curiosidade de jornalistas e do público, curiosos por obter respostas às indagações que cercam esses monumentos de nosso passado", comenta Daniel Zen, presidente da Fundação Elias Mansour. "Trata-se de um relevante patrimônio arqueológico existente em solo acreano e que necessita ser investigado e preservado."
Os geoglifos do Acre têm uma grande importância para os estudos sobre as populações indígenas que colonizaram a Amazônia. Na metade do século XX, muitos estudiosos acreditavam que não tinha sido possível o desenvolvimento de sociedades complexas na Amazônia, que as grandes civilizações tinham florescido somente nos Andes, enquanto somente tribos seminômades teriam sobrevivido na floresta tropical.
Tais idéias preconceituosas vêm mudando nos últimos anos, e os geoglifos do Acre se somam a outros testemunhos da existência de grandes cacicados na Amazônia à época da chegada dos europeus, no século XVI. Os geoglifos são prova da grandeza cultural e social dos povos da terra firme da Amazônia Ocidental.
"O lançamento desse livro vem empenhado em contribuir com uma produção científica que também promova o efetivo resguardo e preservação desse importante fragmento de nossa história ancestral", destaca o presidente da FEM sobre a importância do material.
Organização – Os organizadores desse livro se reuniram pela primeira vez em 2005 a fim de estabelecer uma parceria para o estudo dos geoglifos do Acre. Martti Pärssinen, seus colegas e alunos há mais de dez anos trabalhavam na vizinha Bolívia, estudando, entre outros temas, os interesses incas na Amazônia.
Denise Schaan, arqueóloga dedicada desde 1994 ao estudo das sociedades complexas amazônicas, veio a Rio Branco fazer uma vistoria arqueológica na área de implantação de uma linha de transmissão e ficou fascinada com os geoglifos, que considera "a descoberta mais extraordinária da arqueologia amazônica dos últimos tempos".
Alceu Ranzi, geógrafo, paleontólogo e estudante dos paleoambientes amazônicos, desde 1999 vinha divulgando os geoglifos e procurando arqueólogos para estudos multidisciplinares. De lá para cá outros pesquisadores e estudantes foram incorporados ao grupo de pesquisa, e a obtenção de auxílio financeiro do Instituto Ibero-Americano da Finlândia e do Governo do Acre para o projeto foi a conseqüência natural desse processo.
"O livro marca o início de uma cooperação entre o Governo do Estado do Acre e as instituições universitárias e museológicas, que, por meio de seus pesquisadores, têm se dedicado ao aprofundamento dos estudos e levantamentos de dados sobre o tema, permitindo assim uma maior compreensão histórica sobre os povos e os respectivos modos de vida que antecederam nossa civilização", finaliza Daniel.
O lançamento é uma realização do Governo do Estado, através da Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour e da Biblioteca da Floresta Marina Silva.
SERVIÇO
Biblioteca da Floresta Marina Silva – Parque da Maternidade – próximo a Concha Acústica Jorge Nazaré