Estamos diante da “Geração Z”, composta por indivíduos nascidos a partir de 1995, quando começou a se popularizar o uso de computadores pessoais e internet.
Questionadores e irreverentes a hierarquias, buscam jornadas de trabalho flexíveis ou home office, e possuem demasiada familiaridade com a tecnologia. São indivíduos-multitarefa, extremamente realistas e objetivos, podendo encontrar soluções de forma ágil e diante de imprevistos.
Enfim, estamos diante de uma geração que prioriza a posse da informação, e que, quando exposta à diversidade esmagadora das informações contidas na internet, possui uma alta capacidade de conexão e absorção de informação, por ter crescido cercada por computadores, redes sociais, smartphones e internet de alta velocidade.
Profissionalmente falando, são pessoas com perfil direcionado ao crescimento em grandes corporações e que podem trazer um alto retorno financeiro.
São milhares de quilômetros de cabos conectados e aproximadamente nove mil satélites em órbita, interligando dispositivos ao redor do mundo, reduzindo distâncias e transmitindo a informação em milésimos de segundos. Todo esse sistema de comunicação para permitir-nos romper fronteiras com a informação.
Segundo pesquisa realizada em 2019 pela empresa de tecnologia Hootsuite, o Brasil é o segundo país do mundo a passar mais tempo na internet. Até que ponto isso é bom? Será que o excesso de conexão virtual interfere no mundo real? Até onde o entretenimento adormece a nossa empatia e o respeito com o próximo?
A internet nos dá poder, poder de liberdade de expressão, poder de argumento científico, social ou histórico. Uma palavra, um disparo, um projétil, esse excesso de poder na comunicação, e a velocidade com que ela é transmitida e propagada pode ter “aperfeiçoado” um comportamento humano deplorável chamado bullying.
A palavra “bullying” tem origem inglesa e define-se como o ato de violência física ou psicológica, sendo contínua e intencional, realizada por indivíduos ou grupos. Face ao advento da internet, nasce o cyberbullying, que consiste na prática da violência por intermédio da internet ou tecnologias virtuais, tendo como finalidade agredir, perseguir, ridicularizar ou assediar.
São tantos casos que não vale sequer citá-los, tantas são as exposições de pessoas e suas fragilidades físicas ou emocionais, por indivíduos mal intencionados que projetam o poder do meio de comunicação.
Até quando serão tolerados atos como esses? E quando serão criadas punições mais severas? Quantas vidas serão interrompidas ante o bombardeio da ignorância de agressores, na exposição constante de fotografias ou montagens constrangedoras, divulgação de imagens íntimas, críticas à aparência física, à opinião e ao comportamento social de indivíduos.
Geralmente os agressores fazem uso de perfis falsos, o chamado fake, submersos em uma ilusória sensação de que possuem sua identidade preservada, manifestando covardemente o poder de intimidação da vítima sem necessidade de encará-la pessoalmente.
A que ponto chegamos, por detrás das telas de celular e emojis, ao manter corações frios diante de tanta violência? Somos adeptos dessa prática abominável? Quem nós somos na internet? Somos coniventes ou indiferentes?
Palavras fortes e exposição íntima gerando corações partidos e almas despedaças, isso é tudo o que esconde o mundo virtual quando a vítima fragilizada apresenta-se em estado de total submissão e impotência diante dos ataques repetidos nas redes sociais.
Em um mundo onde o mal do século é chamado de depressão, não sejamos o agente do caos, em que nossas palavras e atos, transmitidos pelos cabos de comunicação, possam contribuir com o último suspiro de alguém que precisava de socorro.
Deixo a reflexão para os indivíduos que pertencem à Geração Z: que sejamos mais empáticos e humanos, que não deixemos de nutrir a sensibilidade e o respeito ao próximo e que sejamos mais cautelosos em todos os nossos procedimentos no mundo digital.
Não permita que a sua publicação seja a última para alguém que está a um terabyte da sua falta de compaixão.
Wellingnton Barbosa é chefe da Divisão de Tecnologia da Secretaria de Comunicação do Estado