Sabiam que, cada vez que uma pessoa pede um delivery, estatisticamente, no mapa das movimentações que levam ao aumento do contágio, equivale a ela ter saído de casa? Porque houve o deslocamento. Não estou dizendo para não pedirem delivery, mas para pensarem nisso e, se possível, concentrar os pedidos e encomendas de mais itens de uma só vez. Como já fazemos, quando precisamos sair para comprar algo e não compramos só uma coisa, para não ter que comprar amanhã novamente. É a necessária praticidade de ganharmos mais tempo.
A estratégia, se não vem por política pública tem que ser pensada individualmente, em pequenas atitudes, táticas de guerrilha mesmo, para diminuir o ritmo do contágio do nosso inimigo, o coronavírus. Flexibilização? Alguns países ainda estão testando, assim como o Brasil. Por isso, não sabemos qual será o resultado em lugares onde o índice de contágio não é inferior a 1%.
A falta de testes e a subnotificação que temos atualmente no Brasil, o índice de contágio em São Paulo, por exemplo, ainda está em torno de 1,4%, e as UTIs quase sempre lotadas, como temíamos. Sem esquecer que este inverno promete ser um dos mais frios da década, embora o Acre seja quente e úmido, quando a temperatura baixa e em cerca de três dias aumenta, o nível de contágio se torna imenso. A mudança de temperatura também baixa a resistência do corpo.
Provavelmente, a economia também ficará fortemente abalada, e aí teremos dois problemas: milhares ou um milhão de mortos, e a economia arrebentada.
Parar e refletir é preciso. As pessoas não devem ignorar as orientações da OMS e as recomendações dos especialistas, de fato.
A Itália, Espanha e EUA estão dando o exemplo do que acontece à economia e às pessoas quando não há medidas restritivas desde o princípio e mesmo que se descubra uma vacina e que ela seja barata e de fácil fabricação, é improvável que haja uma vacinação em massa aqui no Brasil. No máximo, clínicas particulares irão vendê-la a preço de ouro.
Após o caos, apenas o que for respeito e amor sobrará. Estejamos preparados para as grandes mudanças humanas, que comportarão somente os que estiverem vivos por bondade, por liberdade, por justiça social e por respeito à vida.
Beth Passos é jornalista e colunista social.