Com apoio da primeira-dama do Estado, mulheres agricultoras vencem crise vendendo pela internet

Enquanto alguns setores seguem amargando prejuízos devido à suspensão temporária das feiras presenciais, em virtude da pandemia da Covid-19, as produtoras do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) instaladas no projeto de assentamento Walter Arce, no município do Bujari, comemoram as vendas realizadas pela internet.

Mulheres contam com o apoio da primeira-dama do Estado, Ana Paula Cameli Foto: Neto Lucena.

Elas contaram com a importante ajuda da primeira-dama do Estado, Ana Paula Cameli, que fez intervenção junto à Secretaria de Estado de Indústria e Tecnologia (Seict) para que uma plataforma que vinha sendo pensada durante o workshop anual para mulheres agricultoras – evento que aconteceu no Acre – fosse programada em caráter emergencial para evitar a perda da produção.

“Uma ideia que deveria ter tido tempo de amadurecer se tornou uma necessidade urgente. É um prazer ajudar essas mulheres, muitas das quais são as chefes de suas famílias”, disse Ana Paula Cameli em entrevista ao Earth Innovation Institute.

Dona Maria de Fátima, uma das produtoras inseridas no grupo do Movimento de Mulheres Camponesas Foto: Cedida

Outra parceria, a Companhia de Desenvolvimento de Serviços Ambientais (CDSA) desempenha papel central na implementação do programa. A agência estatal é focada na expansão da economia de baixas emissões na região. Segundo o presidente, Luís Gondim, “na primeira semana o serviço recebeu mais de mil pedidos”.

Pedidos chegam na zona rural por telefone com um menu apresentado em PDF

O serviço funciona com cardápio que é oferecido em PDF com um menu de 52 produtos. Os pedidos são feitos entre a segunda e quinta-feira pelo WhatsApp ou chamadas normais via telefone celular. Geovana Castelo, que coordena o MMC, recebe as demandas e repassa os pedidos para as agricultoras inseridas no PA Walter Arce.

Geovana Castelo, coordenadora do Movimento de Mulheres Camponesas no estado do Acre, produz galinha caipira no projeto Foto: Cedida.

Para escoar os produtos solicitados elas têm a  parceria com a Secretaria de Produção e Agronegócio (Sepa). Devido às precárias condições do ramal principal de acesso ao assentamento, dois quadriciclos são disponibilizados pela secretaria para a retirada dos alimentos até a cidade. Uma logística que exige compromisso e muita boa vontade.

Quadriciclo ajuda no escoamento da produção nesta época em que as estradas vicinais estão em condições precárias devido ao forte inverno amazônico Foto: Cedida.

Na quinta-feira cedo, dois funcionários da Sepa antes do amanhecer pegam a estrada vicinal com destino às colônias das produtoras. “Alface, cheiro verde, rúcula, hortelã, macaxeira e galinha caipira são os pedidos mais feitos por famílias de Rio Branco”, explica Keyla Santos, uma das produtoras inseridas no grupo.

As produtoras também aprenderam a fotografar a própria produção para interagir com os clientes pelas redes sociais. Dona Maria de Fátima disse que não teve nenhuma dificuldade em se adaptar ao novo sistema. O uso do telefone celular pelo WhatsApp ajuda na renda de casa. “A gente recebe os pedidos e já se antecipa em preparar o melhor alimento que temos para atender aos clientes e ter retorno na próxima semana” disse Fátima.

Produtoras aprenderam a tirar fotos dos produtos e interagir pelas redes sociais com os clientes Foto: Cedida.

Após recolher um a um os pedidos, os tecnólogos da Sepa entregam os alimentos na sede do MMC, que fica no início da estrada vicinal que liga as cidades do Bujari a Vila do V, em Porto Acre.

“Daqui tem um carro que foi contratado pelo grupo que recebe os pedidos com os endereços e contatos telefônicos e acontece a entrega a partir de sexta-feira”, acrescentou Geovana.

Produtos das camponesas chegam à mesa dos acreanos com sustentabilidade

A produtora Jesuína Alves explica que os alimentos do projeto são produzidos seguindo regras de sustentabilidade. Carinhosamente chamada de dona Jô, a mais antiga camponesa tem orgulho do que planta e colhe.

“A Geovana cuida com muito carinho desse projeto, conhece o trabalho de cada uma. A iniciativa de baixo carbono torna o nosso produto diferenciado, isso agrega valor. Tem nos ajudado muito na renda familiar” disse dona Jô.

Dona Jô é uma das mais antigas produtoras. Ela fala sobre a sustentabilidade dos produtos Foto: Cedida.

Os produtos sustentáveis e orgânicos são cada vez mais procurados pelos consumidores. Hoje há uma grande preocupação com a alimentação saudável e, melhor ainda, se essa tiver baixo impacto ambiental.

“Agradecemos muito o olhar da primeira-dama Ana Paula Cameli assim como da Sepa e outras secretarias. Queremos aperfeiçoar esse aplicativo e expandir esse modelo para outras regiões onde temos trabalhos com o movimento de camponesas. A meta é atender 30 produtoras” concluiu Geovana.

Sepa garante ampliação da parceria apoiando o escoamento e assistência técnica

O secretário de produção e agronegócio, Edvan Azevedo, garantiu que vai ampliar a parceria com as produtoras, levando no verão deste ano assistência técnica, adubo e calcário para correção de solo.

“Vamos apoiar ainda mais estas produtoras com o transporte da produção até a capital e colocar todo o sistema Sepa a benefício deste trabalho: a Emater, a Cageacre e o Idaf. Este último garantindo a qualidade e sanidade dos produtos comercializados”, destacou o secretário.

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