A programação se estendeu até o último dia 27, com a capacitação dos agentes das comunidades rurais do município de Rio Branco e a entrega de mais dez arcas na Biblioteca Pública de Rio Branco.
No Acre, o programa é realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, por meio da Secretaria de Reordenamento Agrário e da Delegacia Federal do Desenvolvimento Agrário no Acre e o Governo do Estado do Acre, por meio da Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour, com o apoio do Banco do Brasil – Fome Zero.
Para Daniel Zen, presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour o momento é de comemoração, pois se reivindicava há tempos que o programa chegasse ao Acre.
"Antes as pessoas que moravam em áreas distantes, de difícil acesso, tinham que vir aos centros urbanos para pegar um livro emprestado, voltar para sua comunidade e dias depois fazer novamente todo o processo para devolvê-lo. Agora não é mais preciso, aos poucos iremos implementar essas bibliotecas nas comunidades, viabilizando o acesso a leitura nos quatro cantos do nosso estado. É preciso dar essa oportunidade para as pessoas que por conta desse isolamento geográfico ficavam de fora do processo".
O Acre foi o último estado a receber o projeto, que começou em maio de 2003, no sertão do nordeste de modo experimental, em junho do mesmo ano passou por comunidades rurais isoladas do sul e agora em 2008 já ultrapassa a marca de 5000 unidades espalhadas por todo o Brasil.
O nome do programa não é por acaso, já que os livros encontram-se depositados num móvel personalizado em forma de arca que ficará disponível num ponto específico na comunidade agraciada. Só que diferente dos outros estados, no Acre os móveis foram fabricados no pólo moveleiro por designers, que os projetaram de acordo com as necessidades de translado.
"O Arca das Letras é dedicado exclusivamente para atender as zonas rurais. O programa funciona através de parcerias firmadas com o Ministério da Educação, que fornece os livros juntamente com a Fundação Nacional de Desenvolvimento Escolar (FNDE). Temos ainda como parceiros o Ministério da Cultura, Ministério da Agricultura, Câmara dos Deputados, Senado, faculdades e escolas privadas, bibliotecas do Distrito Federal, Banco do Brasil (Projeto BB Fome Zero), editoras, artistas e movimentos sociais", explica Celina Maria dos Santos, coordenadora substituta do programa Arca das Letras pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário.
Helena Carloni, chefe do Departamento Estadual de Bibliotecas Públicas explica que o projeto começou idealizado como ponto de leitura pelo Departamento Estadual de Bibliotecas Públicas e foi apresentado a Fundação de Cultura Elias Mansour onde recebeu total apoio. "Resolvemos unir forças com o Ministério do Desenvolvimento Agrário para poder implantar o programa Arca das Letras aqui no estado", comenta.
Para que o programa cumpra seus objetivos agentes de leitura residentes das comunidades rurais são capacitados e aprendem sobre todos os cuidados que se deve ter com o acervo, desde como fazer o empréstimo do livro até estimular a comunidade a tomar gosto pela leitura.
"Achamos muito interessante que esse programa acontecesse na nossa comunidade, porque é um incentivo muito valioso a leitura. O benefício vem principalmente para as crianças, que muitas vezes só lêem os livros didáticos que são cobrados na escola e agora eles vão poder escolher o que querem ler e adquirir mais conhecimento através da leitura", conta Zélia Maria Lima, professora da zona rural, que recebeu capacitação para administrar a arca da leitura na sua comunidade.
"Na parte da manhã nós aprendemos como organizar a biblioteca em si, a montagem dela, aprendemos também como fazer o empréstimo dos livros para a comunidade e a orientar sobre a devolução. Fomos incentivados a buscar novos livros para a nossa biblioteca, além de aprender sobre o cuidado que devemos ter para a sua conservação", ressalta.