Com colaboração de Rubilici Almeida
A Escola Estadual Indígena Tãmãkãyã, localizada na aldeia Nova Olinda, no KM 65, da BR 364, no município de Cruzeiro do Sul, realizou na tarde da última quinta-feira, 30, a formatura de ensino médio de seis jovens indígenas da etnia Nuki Kuin, popularmente conhecidos por katukinas.
A cerimônia aconteceu na própria escola e contou com a presença de lideranças indígenas, como o cacique-geral Fernando Rosa Katukina e representantes das aldeias Waninawa, Campinas, Bananeira, Masheyá e Samaúma, bem como os coordenadores da escola e servidores da Saúde que atuam na comunidade, além da coordenadora-geral do Núcleo da Educação de Cruzeiro do Sul, professora Ruth Bernardino, que representou o secretário de Educação no evento.
Para as lideranças katukinas, a formatura desses alunos na própria aldeia é uma grande conquista para o povo indígena. “Antes, a gente não tinha escola, não tinha nada para registrar nossa forma de conhecimento. Hoje, temos uma boa escola, temos bons profissionais da educação, que aceitaram o desafio de ministrar aulas na aldeia. Formar nossos jovens indígenas é uma marca histórica para nosso povo Nuki kuin, preservando a educação indígena e ofertando também a ocidental. Essa cerimônia é mais um incentivo para que nossos alunos prossigam o estudo”, ressaltou Fernando Katukina.
Saulo Noki koí, um dos formandos, almeja seguir os estudos e fazer uma graduação em odontologia e futuramente, servir sua comunidade. “Meu sonho é estudar mais, fazer faculdade para dentista”, disse Saulo.
Foi um processo de conquistas para nós. Primeiro conseguimos as unidades escolares, ampliamos para as modalidades de ensino e professores, depois vieram as formações indígenas e posteriormente a conclusão. Para nós é um motivo de orgulho muito grande, é mais uma etapa concluída para nossos alunos e agora os incentivamos para outros desafios, como fazer o curso vestibular, o Enem ou ter uma possibilidade de escolher como continuar, além de fortalecê-los”, acrescentou Marcos.
O ensino nas aldeias permite a preservação da cultura e do modo tradicional dos povos indígenas e, ao mesmo tempo, o aprendizado sobre as transformações que ocorrem no mundo fora da aldeia. “É um dos objetivos da secretaria de Educação, enquanto professores, coordenadores de núcleo, que o indígena avance em seus estudos, com novos conteúdos, novos aprendizados, preservando seus costumes e sua cultura. Inclusive diversos projetos foram realizados nessa linha educacional”, comentou Ruth Bernardino, coordenadora-geral do Núcleo da SEE no município de Cruzeiro do Sul.
Atualmente, a escola atende 219 alunos do ensino fundamental, anos iniciais e finais, e o ensino médio, com educação polilíngue (língua materna, português, inglês e espanhol) e revitalização da cultura Katukina.