Reeducandos do instituto penitenciário participam das provas do Enem 2019

Reeducandos do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), participaram entre a terça-feira, 10, e a quarta-feira, 11, do Exame Nacional do Ensino Médio para adultos privados de liberdade e jovens sob medida socioeducativa que inclua privação de liberdade (Enem PPL 2019). 274 reenducandos fizeram as provas que aconteceram nos presídios da capital e do interior.

O Enem PPL é uma prova aplicada desde 2010 pelo Inep, em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Assim como o Enem regular, avalia o desempenho do estudante que concluiu o ensino médio e, a partir de critérios utilizados pelo Ministério da Educação (MEC), permite o acesso ao ensino superior por meio de programas como Sisu, Prouni e Fies.

O Enem PPL avalia o desempenho do estudante que concluiu o ensino médio. Na imagem, reeducandas durante aula do ensino regular Foto: Elenilson Oliveira

De acordo com o presidente do Iapen, Lucas Gomes, as provas também contribuem para elevar o nível de escolaridade da população carcerária, uma vez que o órgão já registrou casos de detentos bem colocados em vestibulares de faculdades públicas e particulares. “A educação é um elemento transformador de realidades. Um indivíduo bem informado, capacitado e com um adequado grau de escolarização dificilmente irá reincidir no crime. Além disso, o acesso ao ensino superior também é uma forma de reinserir essas pessoas no convívio social, proporcionando a almejada ressocialização”, afirmou.

Abraçado com a oportunidade

Juliano Calixto, que atualmente se encontra no regime aberto, soube abraçar a oportunidade por meio do Enem PPL, durante o cárcere. Ele explicou que no início foi um pouco complicado pois a demora para conseguir materiais de estudo dificultou um pouco o desempenho. “Minha esposa levou uns materiais e a penitenciária forneceu outros também. Mas já estava muito em cima e estudar sem rumo complicou um pouco”.

Ele contou que na segunda tentativa dividia o tempo entre o trabalho na faxina da escola da unidade e as horas de estudo na biblioteca. “Eu demonstrei que queria algo para o meu futuro e os funcionários me permitiam estudar na biblioteca após o meu horário de trabalho”, disse.

“Graças a Deus, tudo no tempo Dele e hoje eu curso Educação Física e acabei de passar para o 4º período”. Ele ressaltou que assim que saiu do presídio, concluiu uma faculdade a distância. “Formei em Teologia pela Faculdade Teológica Nacional, um curso que eu tinha iniciado pouco tempo antes de ir preso e assim que eu sai, conclui”, destacou.

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