Volume alto é o principal vilão dos fones de ouvido

Uso de fones, tanto para o trabalho, como lazer, deve ser moderado e com volume adequado, diz especialista (Foto: Júnior Aguiar/Sesacre)

A cena já é comum, e muitas vezes acaba passando despercebida: pessoas nas ruas, nas academias ou no transporte público conectadas ao fone de ouvido. Exagerados ou mais discretos, com mais ou menos tecnologia, a verdade é que eles se tornaram acessórios comuns no dia a dia das pessoas.

Seja para falar ao telefone, ou para curtir um som mais alto sem incomodar quem está ao lado, os fones podem se tornar vilão, se usados de forma inadequada. Quem explica os perigos desses portáteis para a saúde auditiva, especialmente para o público jovem que costuma abusar do acessório, é o médico otorrinolaringologista, Santiago Júnior.

De acordo com o especialista, o uso exagerado, a longo prazo, pode causar sérios prejuízos, além de danos irreversíveis para a audição. “A perda auditiva é o que de pior pode acontecer. Falo sempre para os meus pacientes, especialmente os mais jovens, que o uso abusivo do fone é perigoso, que temos um limite de som seguro, mas é muito difícil tirar o fone de ouvido dos adolescentes, que mesmo sabendo dos riscos para a sua audição, dormem com o acessório e abusam do volume”, destaca.

Santiago ressalta que o tempo de permanência com os fones, aliado ao volume inadequado, são os principais fatores que podem danificar o aparelho auditivo. “Existe uma certa faixa de barulho. O organismo tolera uma média de 85 decibéis a cada oito horas. A cada cinco decibéis que você aumenta, divide-se por dois. Ou seja, para um barulho de 90 decibéis, o limite seguro é de 4 horas de exposição contínua”, explica Santiago.

Tempo e intensidade sonora:

– Até 80 dB – não há riscos
– 85 dB – até 8h de exposição
– 90 dB – até 4h de exposição (motor de ônibus, feira livre)
– 95 dB – até 2h de exposição (latido de cachorro, secador de cabelo)
– 100 dB – até 1h de exposição (liquidificador, choro de bebê, batedeira, aspirador de pó)
– 105 dB – até 30 min. de exposição (obra dentro de casa)
– 115 dB – até 7 min. de exposição (congestionamento intenso, rojão, ficar na balada perto da caixa de som)

Outra dica importante do médico Santiago Júnior, é na hora de limpar o ouvido. Santiago sugere a pontinha da tolha, e jamais o cotonete, que segundo ele, pode causar danos e empurrar mais a cera para dentro do ouvido.

“Eu até brinco, que a melhor maneira de higienizar o ouvido, ou seja, o melhor cotonete é o cotovelo. Justamente porque é impossível”.

Otorrinolaringologista Santiago Júnior explica que mau uso do fone de ouvido pode levar a perda de audição (Foto: Júnior Aguiar/Sesacre)

7 dicas para evitar problemas

1- Prefira fones externos

Segundo especialistas, os modelos intra-auriculares, menores e muito comuns hoje em dia, são mais prejudiciais, além de evitar acessórios falsificados, cuja emissão de chiado é maior.

2- Cuidado com o volume

Use o volume sempre na metade da graduação máxima do aparelho. Lembrando das faixas seguras e tempo recomendado. Existem aplicativos para celular para medir o nível de poluição sonora, que utilizam o microfone do telefone para medir o ruído ambiental em dB e mostrar um valor de referência.

4- Dê um descanso aos seus ouvidos

A cada hora de música ouvida no fone, recomenda pelo menos dez minutos de pausa.

5- Cuide do fone

Tenha uma caixinha ou um saquinho plástico específico para guardar o acessório.

6- Procure um otorrinolaringologista

Não espere “perceber” a diminuição de sua capacidade auditiva.

7- Abaixe o som do smartphone

Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 1,1 bilhão de pessoas entre 12 e 35 anos usam aparelhos sonoros em “volumes inseguros”, criando um risco permanente de perder a audição.

Atenção aos sintomas

Similar a um apito aparece geralmente no ouvido após ouvir música alta. Essa sensação comum é conhecida como zumbido e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, afeta mais de 28 milhões de brasileiros.

Geralmente o ruído é notado em situações silenciosas ou em que não existe a presença de um som ambiente. Mas o otorrino explica que em alguns pacientes, o barulho externo é o gatilho que faz aumentar ainda mais a sensação de zumbido.

“Essa sensação de zumbido, ou de chiado pode variar para cada pessoa, ou seja, em alguns casos são mais leves e passageiros, já em outros podem ser mais graves e podem causar situações incômodas como a perda do sono e dificuldade de concentração. Nesses casos, sempre é bom procurar ajuda profissional”, pontua.

Os tipos mais comuns de zumbido

– Apito
– Canto da cigarra
– Chiado de água (chuveiro, chuva, cachoeira)

– Barulho de grilo
– Panela de pressão
– Som de abelha

Algumas causas de zumbido são curáveis, outras são controláveis, outras são irreversíveis, mas na maioria dos casos, os incômodos do zumbido podem ser amenizados com ajuda de uma equipe multiprofissional (otorrino, fonoaudiólogo e psicólogo).

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