O mês de novembro não é todo azul, em referência à campanha que conscientiza os homens a cuidar mais da saúde e prevenir doenças como o câncer de próstata. O mês também se destaca pelo roxo – cor que simboliza a luta pela vida dos pequenos heróis que nascem antes do tempo, chamados de prematuros.
Cercados por tubos e outros equipamentos médicos, os bebês prematuros representam cerca de 5% de uma média de 450 partos realizados por mês, na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco. Essa luta diária dos recém-nascidos, antes de tudo pela sobrevivência, é lembrada no dia 17 de novembro, quando a data foi escolhida como o Dia Mundial da Prematuridade, para chamar atenção para um problema que atinge 15 milhões de crianças todos os anos ao redor do mundo.
O Brasil, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), aparece em décimo lugar no ranking mundial de nascimentos prematuros, com uma média de 300 mil partos prematuros por ano (antes dos nove meses de gestação). Eles podem ocorrer de forma espontânea ou induzida. A maioria ocorre de forma espontânea. Os partos induzidos ocorrem em situações onde há necessidade de interrupção da gravidez, por problemas com a mãe ou com o bebê.
Mulheres que já passaram por um parto prematuro, que estão grávidas de gêmeos ou com histórico de problemas uterinos apresentam maior risco de trabalho de parto prematuro.
De acordo com a médica neonatologista, Alexandra Bragança, outros fatores como ausência do pré-natal, fumo, álcool, estresse, infecções urinárias, diabetes, pressão alta ou pré-eclâmpsia, também podem levar ao parto prematuro. “O pré-natal durante a gravidez é fundamental. Quanto antes ele for iniciado, melhor para a mãe e para o desenvolvimento do feto. É preciso que a gestante siga com as consultas e os exames do pré-natal até o fim do período gestacional. Além disso, manter uma dieta equilibrada, não fumar e não ingerir bebida alcoólica durante a gravidez”, alerta.
Método Canguru ajuda a recuperar bebês prematuros
Quando saem da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), de onde também recebem atenção humanizada (sem restrição de horário para as famílias), os bebês de risco ficam no alojamento conjunto com suas mães, na unidade Canguru. Esse método, implantado na maternidade há quase 20 anos, vem trazendo inúmeros benefícios para os bebês, suas famílias e para a equipe de saúde.
“Hoje a equipe não quer apenas que esse bebê se recupere, ganhe peso e tenha alta. Envolve tudo isso, mas com uma qualidade muito maior na parte afetiva e humanizada. O método canguru trouxe uma assistência humanizada, um vínculo mãe-filho, melhorando o desenvolvimento do recém-nascido, além de orientar melhor as mães que também são prematuras, com pouca experiência para cuidar dessa criança”, destaca a enfermeira Vania Lima.
O método, instituído pelo Ministério da Saúde (MS), no âmbito da humanização da assistência neonatal, visa promover, por meio do contato pele a pele precoce entre mãe e bebê, maior vínculo afetivo, maior estabilidade química e melhor desenvolvimento, além de reduzir os custos da assistência perinatal. Um dos pilares do método canguru é o estímulo ao aleitamento materno, incentivando a presença constante da mãe junto ao recém-nascido, e o contato precoce com seu filho.
Hora de ir para casa
A emoção tomou conta do ambiente Canguru nessa terça-feira, dia 14. Um mês depois de seu nascimento, o pequeno Thaillan Kalebe, estava de malas prontas para, enfim, ir para casa. A mãe, Clemilda Oliveira, conta que o suporte que recebeu da equipe foi fundamental para suportar os momentos difíceis durante a recuperação do bebê, que nasceu de sete meses, pensando menos de 1,5 quilo.
“Mesmo tendo fé, quando vi meu bebê tão pequeno e frágil pensei que ele não iria sobreviver. Mas graça a Deus e a dedicação de todos que trabalham aqui, meu bebê se recuperou. Só tenho a agradecer a equipe pelo carinho que tiveram comigo e com meu filho. Agora chegou a hora de ir para casa, e ficar perto da família”, diz.
Na sexta-feira, 17, Dia da Prematuridade, a maternidade realizou algumas ações em alusão a campanha com as mães do Canguru e gestantes da unidade. Foram rodas de conversas e palestras sobre a importância do acompanhamento pré-natal, prevenção do parto prematuro e o aleitamento materno.