O governo do Estado realiza um trabalho de construção da dignidade e atendimento social com pessoas que vivem em extrema vulnerabilidade de Rio Branco. O projeto Dignidade e Autonomia para a População em Situação de Rua, idealizado e coordenado pelo gabinete da vice-governadora Nazareth Araújo, leva atividades e serviços esses cidadãos acreanos.
Nesta quinta-feira, 5, Nazareth Araújo, governadora em exercício, participou da finalização de oficina de novos servidores colaboradores do projeto e reencontro com profissionais que já participaram em outro momento.
“Agradeço a todos vocês que estão se doando para atender nosso pedido de implementar essa política pública. Antes de mais nada, todos vocês se descobriram capazes de fazer esse acolhimento e cuidar de outro ser humano. Existe um grande presente para quem doa, que é o sentimento interno de satisfação”, declarou Nazareth aos participantes.
Com essa inspiração, o grupo está montando um cronograma de atividades para serem aplicadas aos beneficiários dos Centro POP e à Unidade de Acolhimento Dona Elza. Música, reaproveitamento de produtos, atividades físicas e recreação são alguma das ações que serão oferecidas pelo grupo de servidores colaboradores. Além disso, junto com a Secretaria de Educação, há uma turma do programa de alfabetização Quero Ler.
Esse organização é feita em uma parceria entre o gabinete da vice-governadora, as secretarias de Gestão Administrativa (SGA) e a de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh). O trabalho faz parte da construção de um plano estadual de políticas públicas para a população em situação de rua, feito também com participação de entidades sociais.
A servidora da Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds), Silvana Mota, trabalha atividades de reaproveitamento. Ela explica a importância dessa atividade tanto para si, quando para os beneficiários.
“É um momento de trabalhar com a mente e sair um pouco daquela loucura e barulhos de rua. Ele, ali, está concentrado, está criando. Sai muita coisa linda, porque ele coloca todo o amor que ele precisa naquele momento ou que precisava antes de sair de casa e ir para rua”, afirma. “Eu acredito que Deus me deu um dom de transformar e criar, tenho necessidade de repassar isso para as pessoas”, complementa.
Acolhimento e respeito
Segundo a Pesquisa Nacional Sobre a População em Situação de Rua, de 2008, realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, os principais motivos pelos quais essas pessoas passaram a viver e morar na rua se referem aos problemas de alcoolismo e/ou drogas (35,5%), desemprego (29,8%) e desavenças com pai/mãe/irmãos (29,1%). Dos entrevistados no censo, 71,3% citaram pelo menos um desses três motivos (que podem estar correlacionados entre si ou um ser consequência do outro).
Seguindo o princípio de cidadania previsto na Constituição Nacional, o governo do Estado trabalha para desenvolver essa política pública que torne constante o atendimento à população em situação de rua.
Rudson Nunes, diretor-presidente do Movimento Acreano de Pessoas em Situação de Rua (Mapsir), deu um depoimento carregado de sentimento por estar participando de uma ação conjunta que promove dignidade. “O respeito que tem que se ter com a população em situação de rua, é o mesmo que se tem com todas as pessoas. Uma pessoa que tem sua casa convencional tem que ser mais respeitada que uma que vive na rua? Não”, declarou.
Ele fala embasado em sua vivência e também com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), aprovada aprovada em 1948 na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). “Todos nós temos que nos orientar por um único princípio, o fato de sermos humanos”, afirmou, lembrando que hoje é comemorado o Dia Nacional da Cidadania.