As recentes pesquisas consolidam a banana entre os mais importantes produtos de exportação e consumo no Acre. O município de Acrelândia se confirma como principal região produtora, com uma área plantada de 2.000 hectares e produção de 18 mil toneladas, segundo dados do IBGE de 2006. Ali predomina a produção de banana-comprida ou variedades de d’Angola.
A banana se destaca pela importância econômica, apresentando valor anual de produção que perde para poucos produtos, como a madeira em tora. Segundo o IBGE, o valor da produção da banana no Estado foi de R$ 12,2 milhões, representando 53,48% do valor da produção das lavouras permanentes. Para o Vale do Acre, o valor da produção da banana foi de R$ 8,44 milhões e representou 51,52% do valor da produção das lavouras permanentes.
"Essa importância é percebida quando se compara o valor da produção da banana com o valor da produção de algumas atividades econômicas do Acre, como a castanha-do-brasil, que em 2006 foi de R$ 12,25 milhões, a madeira em tora com um valor de 12,53 milhões, a borracha com R$ 2,88 milhões, o café beneficiado com R$ 2,8 milhões e o açaí com R$ 393 mil", informa o pesquisador Gilberto Costa, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em sua dissertação de mestrado em Desenvolvimento Regional que será defendida na Universidade Federal do Acre (Ufac).
Os estudos indicam que a banana é de fato a principal cultivar plantada devido principalmente à grande demanda, tanto para o mercado interno quanto para exportação, principalmente a cidade de Manaus (AM).
O avanço da cultura não vê obstáculos. Embora suscetível à principal doença da bananicultura mundial, a sigatoka-negra, continua sendo plantada pelos produtores acreanos. O volume produzido e comercializado é bastante significativo para algumas regiões produtoras do Acre. Em 2006 a área plantada de banana no Acre foi de 8.916 hectares e a área colhida, 8.896 hectares. A produção foi de 75.589 toneladas e o rendimento médio de 8,49 toneladas por hectare. O Vale do Acre é a principal região produtora, com 56.805 toneladas, representando 75,14% da produção estadual e apresentando rendimento médio de 8,33 toneladas/hectare, segundo a pesquisa de Costa.
Fonte apreciável de vitamina A e C, fibras e potássio, a composição de uma banana é formada por 75% de água e 25% de matéria seca. Essa composição se modifica na medida em que a fruta amadurece. Se verde, a banana é constituída essencialmente por água e amido, possuindo um sabor adstringente; quando madura, o amido transforma-se em açúcares mais simples, como a glicose e a sacarose, que vão lhe dar o paladar doce que tanto faz sucesso ao redor do mundo.
Mas as bananas verdes também servem como fonte de alimentação na forma de ingredientes para a composição de farinhas, sendo utilizadas ainda como fontes de hidratos de carbono em diversos pratos do cardápio brasileiro. Além do sabor, comer banana faz bem à saúde. Rica em potássio, a inclusão da fruta na dieta de adultos e idosos auxilia para uma boa função muscular, inclusive para o coração.
Ótima fonte de energia, é um dos alimentos favoritos dos atletas, já que contém frutose e amido, que é convertido em energia para o corpo, além de aliviar as cãibras.
Não há dados confiáveis, mas o Sebrae chegou a estimar que cerca de três mil famílias sobrevivam diretamente do comércio de banana ou produtos de banana em Rio Branco. Pelas ruas da capital é possível reconhecer melhor esse fenômeno. Francisco Lima começou a vender bananinha frita e doce há vinte anos. Hoje, mantém seu carrinho na rua Benjamin Constant, perto da Câmara de Vereadores. "Sempre sustentei a família vendendo banana", disse. Um copo de bananinha doce, recoberta de açúcar, custa R$ 1.
O consumo de banana também reduz o risco de derrame e doenças relacionadas à pressão sangüínea. Suas fibras diminuem o nível de colesterol no sangue, e algumas substâncias presentes na fruta ajudam no tratamento da depressão. Anemia, úlcera, excesso de peso, TMP, estresse no trabalho, ajuda na recuperação dos efeitos da retirada da nicotina do organismo e é um "santo remédio" para ressacas.
A lista de benefícios é extensa. Basta pegar uma banana madura, descascá-la e desfrutar seu sabor e as vantagens que a fruta traz, principalmente, à saúde.
Produto | Valor R$ |
Castanha-do-Brasil | 12,25 milhões |
Madeira em tora | 2,53 milhões |
Borracha | 2,88 milhões |
Café beneficiado | 2,8 milhões |
Açaí | 393 mil |
Banana | 12,2 milhões |
A maioria das cultivares de banana originou-se do continente asiático, embora existam centros secundários de origem na África Oriental e nas ilhas do Pacífico, além de um importante centro de diversidade na África Ocidental.
A cultivar d’Angola, ou banana-comprida, é do tipo "chifre falso". Apresenta coloração da planta idêntica à da banana-terra ou maranhão, cultivar do mesmo subgrupo terra (pertencem a este subgrupo as cultivares terra ou maranhão, terrinha, d’Angola ou comprida, pacova, pacovaçu), porém tem porte bem mais reduzido (mais ou menos três metros) e menor ciclo de produção (um ano aproximadamente).
O cacho apresenta um número muito reduzido de frutos, que são grandes e pesam em torno de 400 gramas. A primeira penca tem, em média, oito frutos, enquanto a última apresenta um único fruto. Os frutos são usados cozidos ou fritos e com polpa mais firme do que a da banana-terra. É conhecida vulgarmente como "sete pencas". O potencial de produtividade é baixo, girando em torno de 15-20 toneladas/hectare/ciclo em condições favoráveis de cultivo, conforme o livro "A Cultura da Banana", publicado pela Embrapa.
Dados do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) indicam que a banana é amplamente cultivada no mundo, tendo como principais países produtores a Índia, Brasil, China, Filipinas e Equador, respectivamente com 16,8; 6,8; 6,7; 6,2 e 6,1 milhões de toneladas.
Os maiores países produtores – Índia e Brasil – são também grandes consumidores. Nos dois países a banana tem uma elevada importância alimentar, constituindo-se numa das principais fontes de carboidratos.
O Brasil é o segundo maior produtor mundial e o maior consumidor per capita, com 29 quilo/habitante ao ano. A Índia tem a maior colheita mundial, mas, dada à dimensão de sua população, tem um consumo per capita de apenas 12 quilos/habitante/ano.
O consumo das várias espécies de banana no Acre supera o de muitos alimentos e é o maior da Amazônia. A Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2003 do IBGE indica que os acreanos consomem cerca de 12 quilos de banana ao ano, em média, apesar de os preços terem se elevado muito depois da grande seca de 2004, quando os bananais da principal região produtora sofreram grandes prejuízos com os incêndios.
A segunda colocação é ocupada pelo Pará, cuja população é várias vezes superior à do Acre.
Os acreanos gostam de banana tanto quanto da macaxeira e seus derivados (farinha, tapioca) e de carne. Os três, somados a produtos tradicionais, como o pão francês, estão entre os alimentos mais consumidos no Estado.
Consumo de banana na região Norte | |
Estado | Aquisição per capita (kg) |
Acre | 12,11 |
Pará | 8,98 |
Amapá | 3,37 |
Amazonas | 7,81 |
Roraima | 3,25 |
Tocantins | 4,27 |
Rondônia | 6,83 |
A farinha de banana, produzida por um grupo de produtores rurais do Projeto de Assentamento Peixoto, tem grande valor nutricional e é utilizada principalmente na alimentação de crianças, idosos e gestantes porque substitui o trigo, mas sem conter glúten. Os produtores pensam grande e querem negociar com o exterior.
No Acre, a banana é aproveitada integralmente. Da casca é possível preparar outros alimentos e, ao ser desidratada e triturada, serve como suplemento à ração animal.
Quanto ao preço, ninguém reclama: "Está alto no Brasil inteiro", diz Chico Preto, técnico da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof).
Edmilson Ferreira
Agência de Notícias do Acre
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Banana se firma no gosto do acreano | |
26-02-2008 Ver fotos |