Fundada Associação dos Amigos da Saúde Mental de Cruzeiro do Sul

Congregada por pacientes, familiares e amigos, a entidade vai lutar por melhores condições de atendimento e contra a discriminação às pessoas com transtornos mentais

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No Teatro Carlos Gomes aconteceu o ato solene de criação da Associação dos Amigos da Saúde mental de Cruzeiro do Sul (Foto: Flaviano Schneider)

A vinda do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS Nauas) em 2004 para Cruzeiro do Sul trouxe um grande bem para a cidade. Não apenas conseguiu recuperar pessoas com transtornos mentais – algumas delas vagavam pelas ruas -, mas principalmente fez com que se iniciasse a formação de uma consciência sobre a existência de pessoas que precisam de um tratamento diferenciado. Também possibilitou a constatação de que a discriminação ainda está presente no dia-a-dia das pessoas com problemas mentais, atingindo indiretamente toda a família.

Desde que as pessoas que viviam o mesmo drama começaram a se conhecer através do CAPS, surgiu o desejo de unir forças para buscar objetivos comuns. Finalmente nasceu a Associação dos Amigos da Saúde Mental de Cruzeiro do Sul, congregando pacientes, familiares e amigos das pessoas com transtornos mentais. No Teatro Carlos Gomes aconteceu o ato solene de criação da entidade, com a presença de dezenas de pessoas. Embora a data oficial de seu nascimento seja 18 de março, de acordo com o registro oficial, a solenidade no Teatro Carlos Gomes veio consolidar em público o surgimento da associação.

O médico Henrique Boechat, do quadro de servidores do CAPS, acredita que com a força da associação a sociedade vai se mobilizar para trazer recursos para a região e melhor estrutura para atendimento às pessoas com problemas mentais, com terapia ocupacional e projetos de geração de trabalho e renda para que elas sejam valorizadas e se restabeleçam como cidadãs dentro da sociedade.

A presidente da entidade, professora Graça Valente, emocionou-se ao lembrar a luta que foi trazer o CAPS para Cruzeiro do Sul. Para ela, a patologia mental é uma doença como outra qualquer, mas os pacientes sofrem com a discriminação. Ela considera que é preciso ampliar o espaço de atendimento não apenas para consulta, mas com internação.

“Para um tratamento à altura, é preciso local para terapia ocupacional, ala de lazer, quadras esportivas, piscina, um todo para reintegrar esse ser humano, para que ele volte a se socializar”, comenta a professora, que luta há 14 anos com um filho com problemas especiais.

CAPS

Os CAPS foram criados visando a formação de uma rede substitutiva  aos hospitais psiquiátricos. Eles existem em três níveis. O de Cruzeiro do Sul é de nível 2, mas os profissionais do CAPS e os amigos formadores da associação querem sua transformação para nível 3.

O deputado Henrique Afonso, autor da emenda para a construção do CAPS em Cruzeiro do Sul, esteve presente ao ato e garantiu que está lutando para que isso aconteça.

“Estamos fazendo uma gestão política. Já tivemos reunião com a secretária de Saúde do Estado, uma conversa com o prefeito, porque o CAPS depende da solicitação do prefeito, e também fizemos contato com o Departamento de Saúde Mental do Ministério da Saúde, quando explanei a necessidade de construir esse processo”, disse. Segundo o deputado, a transformação em CAPS vai possibilitar uma estrutura de internação que hoje é o maior clamor que existe na área.

Avanços

A professora aposentada Maria Marlene Pereira ficou muito satisfeita com a formação da associação. Ela agradeceu a todos que se esforçaram em trazer o CAPS para Cruzeiro do Sul e elogiou o atendimento, pois isso possibilitou mudar a vida de seu irmão que vivia pelas ruas, em estado lamentável. Com problemas mentais, ele passava dias fora de casa e quando voltava estava muito machucado. Hoje ele vive no Seringal Olivença e, segundo ela, está  bem. “Vive conversando, brincando. Só sai de casa para tomar banho no rio. Está forte e come bem.”

A professora Lucineide Melo, do Núcleo de Apoio Pedagógico à Inclusão (Napi), saudou a nova associação, analisando que ela vai dar suporte ao núcleo onde trabalha. Referindo-se ao trabalho com as pessoas com problemas especiais, disse: “Quando se trabalha corretamente na parte clínica e pedagógica, temos avanços”.

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