Visitas integram os seringueiros ao processo de produção da fábrica e ajudam conscientizar sobre procedimentos corretos na extração do látex
Viabilizar a economia extrativista do látex nativo, agregando valor ao produto dentro do Estado do Acre através da produção de preservativos, elevando a qualidade de vida dos povos da floresta. Essa é a missão da Natex, indústria instalada em Xapuri no ano de 2008 com a ousada proposta de reduzir a importação brasileira de camisinhas e vitalizar a mais tradicional atividade econômica do Acre, o corte da seringa.
No entanto, o campo de atuação da Natex não se restringe à mera fabricação de preservativos. A indústria estatal desenvolve paralelamente ao processo de produção uma série de ações educativas voltadas para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis com base no uso correto do preservativo produzido a partir do trabalho do seringueiro. Dentre essas ações está a integração dos produtores do látex com o processo de fabricação e os profissionais responsáveis pelo produto final, através de visitas à fábrica programadas para ocorrerem nos meses de setembro e outubro.
Neste último fim de semana, dias 16 e 17 de setembro, seringueiros de quatro comunidades da Reserva Extrativista Chico Mendes – Japão, Simitumba, Palmari e Guarani – tiveram a primeira oportunidade de visitar as instalações da fábrica e conhecer todo o processo de produção dos preservativos, desde a centrifugação do látex, passando pela fabricação, testes de qualidade, embalagem e expedição.
No corte da seringa há mais de 40 anos, o morador da comunidade Guarani, distante cerca de 40 quilômetros de Xapuri, Sebastião Santos do Nascimento, 52, disse que não tinha a menor ideia de como os preservativos eram produzidos. “É uma coisa muito linda de se ver. Acho importante a gente conhecer o resultado do trabalho que começa lá no seringal”, disse ele.
Sobre as condições de vida e de trabalho do seringueiro após a implantação da fábrica de preservativos em Xapuri, Sebastião afirmou que a situação melhorou muito. “Antes, nós tínhamos que tirar o cavaco, acender o fogo e fazer a defumação, que causava muito prejuízo para saúde da gente, principalmente para os olhos. Com relação à renda, acho que estou ganhando 30% a mais do que se estivesse vendendo borracha seca”.
Durante a visita, os cerca de 50 extrativistas assistiram uma palestra sobre prevenção de DST/Aids ministrada pela gerente da fábrica Dirley Bersch. Segundo ela, o compromisso social da Natex se complementa com o desenvolvimento de ações voltadas para a prevenção. “O objetivo da fábrica não é só o de produzir preservativos. É necessário, também, ensinar e incentivar o seu uso como forma de prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis e como alternativa para o planejamento familiar”, explicou.
Além de orientar sobre DST’s e integrar o extrativista ao processo de produção da fábrica, as visitas também têm o objetivo de conscientizá-los da importância dos procedimentos corretos no momento da extração do látex para que o produto chegue com qualidade à usina de centrifugação, local onde a matéria-prima é preparada para o início da produção de camisinhas. “Qualquer sujeira, poeira ou pedaços de folha que caírem dentro do látex podem fazer com que o produto seja reprovado causando prejuízo para o seringueiro”, explica o gerente da usina, Erivan Pereira.
Ainda este ano, a Natex pretende envolver na programação de visitas à linha de produção da fábrica cerca de 500 famílias de extrativistas de Xapuri e dos municípios vizinhos.