Escola Boa União é exemplo de que educação integral já é uma realidade

Passados mais de dois meses da implantação do ensino integral em Rio Branco, a escola Boa União, na região da Baixada da Sobral, já funciona plenamente no novo sistema.

Por isso, para quem visita a instituição, não é difícil observar os seus 439 estudantes ocupados com atividades tão diversificadas como costumam ser as “disciplinas eletivas”, como são chamadas as atividades extracurriculares do programa.

Estudante Ana Karolina Marques de Araújo, de 16 anos, com o ‘esqueleto’ de um dinossauro; ela também faz oficina de música na escola (Foto: Resley Saab/Ascom SEE)

Que o diga Ana Karolina Marques de Araújo, 16, do 3º ano. A garota, que sonhava em realizar alguma atividade relacionada à dança e à música, encontrou na escola de tempo integral a oportunidade de participar do Clube da Música.

Neste momento, ela e outras dezenas de colegas desenvolvem o programa ‘Tributo a Michael Jackson’, onde, por meio da expressão corporal e da pesquisa da música, descobrem a cada dia que inteligência musical também é importante para o crescimento próprio e para a interação entre colegas de sala de aula.

As disciplinas eletivas são o carro-chefe, por assim dizer, das escolas integrais. O Clube da Ciência, o da Beleza, o da Autoajuda e o Clube do Trânsito o do Inglês são apenas alguns em que os estudantes podem se inserir, como complementação dos estudos tradicionais.

Uma revolução em andamento

Gestora Sebastiana Linda, em momento de descontração com estudante especial; humanização do ambiente escolar é ainda mais intenso nas escolas integrais (Foto: Resley Saab/Ascom SEE)

Tanta diversidade de conteúdos não é à toa. “Ela é justamente o toque de Midas da nova escola”, comemora a professora de português Cátia Gomes, fazendo menção a um conto da mitologia grega em que o rei chamado Midas recebeu de Baco o dom de fazer virar ouro tudo o que tocava.

O seu projeto “Saberes e Fazeres do Seringal” reúne as disciplinas de português e de história e, neste momento, discute as obras de José Potiguara, um dos maiores escritores da Amazônia.

Na opinião da gestora da escola, Sebastiana da Silva, a Linda, “há uma revolução em curso nas relações entre estudantes e professores das escolas da rede pública estadual do Acre quando o assunto é ensino integral”.

“E isso não pode ser evitado por ninguém, muito menos por opositores do novo sistema, que tentam disseminar a confusão generalizada com informações falsas ou quase sempre incompletas sobre nossas escolas”, esclarece a educadora.

Adequações acontecem progressivamente

Na última terça-feira, 6, o deputado Daniel Zen, em sessão que aprovou a concessão de bolsas para os 402 servidores dessas escolas, entre professores e técnicos, afirmou que é natural que as adequações sejam feitas gradativamente.

“Esse é um processo em construção. Ainda não tinham chegado alguns equipamentos por conta do processo licitatório”, afirmou o parlamentar, referindo-se à aquisição do material de trabalho para o Clube de Ciência das sete escolas integrais.

Mesmo assim, nesses primeiros 60 dias de funcionamento, nenhuma atividade de física, de matemática ou de ciência foi prejudicada na escola Boa União, garante o professor Gustavo Lopes, que, a partir dos conteúdos de “força e hidrostática” do 1º ano, construiu um braço robô de papelão, água colorizada e seringas de injeção.

Outro fator é que, além do reforço do policiamento escolar, a cargo da Polícia Militar, a escola Boa União tem um estoque de alimentos o suficiente para cobrir todo o ano letivo, além de vestiários com chuveiros para todos os alunos, cujo intervalo com recreação é de 1h20 entre as atividades escolares.

Professor Gustavo Lopes interage com aluna em aula de força e hidroestática por meio de um robô feito de papelão e seringas de injeção (Resley Saab/Ascom SEE)

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