Caminhada da Paz encerra os 16 dias de ativismo no Vale do Juruá

A secretária Concita Maia liderou a Caminhada e conclamou toda a sociedade cruzeirense a fazer o enfrentamento contra a violência doméstica (Foto: Maria Meirelles/SEPMulheres)

A secretária Concita Maia liderou a Caminhada e conclamou toda a sociedade cruzeirense a fazer o enfrentamento contra a violência doméstica (Foto: Maria Meirelles/SEPMulheres)

A campanha mundial “16 dias pelo fim da violência contra as mulheres” encerrou sua programação nesta terça-feira, 10, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Em Cruzeiro do Sul, a data foi marcada por uma manifestação popular intitulada Caminha da Paz, promovida pela Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres (SEPMulheres), em parceria com a Rede Especializada de Atendimento à Mulher em Situação de Vulnerabilidade do Vale do Juruá (Rede Reviver), que chega a sua segunda edição este ano.

A Caminhada da Paz teve sua largada no centro da cidade, em frente à Catedral Nossa Senhora da Glória, levando centenas cidadãos a percorrerem toda a Avenida Mâncio Lima para dizer um basta à violência praticada contra as mulheres. A proposta era sensibilizar a população juruaense e evidenciar a questão da violência doméstica como uma responsabilidade do estado e também de toda a sociedade.

Para a estudante Acinaiara da Silva, 16, que participou do evento, a Caminhada serviu para conscientizar a todos, em especial àqueles que não foram às ruas. “Achei muito legal a caminhada e acredito que quem participou vai sair daqui mais consciente, mas também acho que àqueles que estão em casa, nos vendo passar pela rua dizendo basta de violência, também vão repensar seus conceitos”, disse.

“Durante o período dos 16 dias de ativismo a Rede Reviver esteve organizada e isso se reflete no sucesso que foi a Caminhada da Paz. Parabenizo as escolas por estarem junto conosco nessa luta por uma sociedade de paz, reforço o pedido e união a todos para que a violência contra a mulher, em Cruzeiro do Sul, seja erradicada”, afirmou a gestora do Centro Especializado de Atendimento à Mulher em Situação de Vulnerabilidade do Vale do Juruá (Ceam/Juruá), Rosalina Sousa.

A Caminhada contou com o apoio da Prefeitura de Cruzeiro do Sul, Articulação de Mulheres Juruaenses e do Ministério Público do Acre que, nesta semana, reativou o Núcleo de Combate à Violência contra a Mulher – além de atender às vítimas de violência intrafamiliar, o Núcleo também oferece um serviço de reabilitação aos homens autores de violência.

Márcia Roberta Oliveira, 26, dona de casa, faz uso dos serviços oferecidos no Ceam/Juruá há pouco mais de um ano e acredita que a Caminhada da Paz serviu para dar mais confiança às mulheres a denunciarem seus agressores. “Desejo que aquelas que estão em casa acompanhando a passeata, percebam que não estão sozinhas e que podem sim, procurar ajuda, assim como eu fiz”, comenta.

Segundo a secretária da SEPMulheres, Concita Maia, é preciso defender os direitos humanos das mulheres, uma vez que a violência doméstica é uma violação de direitos. “Não existe direitos humanos sem os direitos humanos das mulheres. Portanto, hoje, Dia Internacional dos Direitos Humanos, conclamo a todas e todos a lutarem por uma sociedade de paz, onde homens e mulheres vivam em harmonia e regidos pelo respeito. O governo do Estado não admite que os direitos das mulheres do Acre sejam violados com agressões e, por isso, diz um basta a violência doméstica”, ressaltou.

Cuidando do corpo e da mente

Ao final da caminhada os participantes tiveram uma aula de ginástica aeróbica, oferecida pela Secretaria Municipal de Saúde, por meio do projeto “Mexa-se para ter saúde”, cujo objetivo é proporcionar maior qualidade de vida aos habitantes de Cruzeiro do Sul. Cinco vezes por semana, em dez pontos distribuídos semanalmente pela cidade, são oferecidas aulas de danças e aeróbicas para as comunidades.

Ao final da caminhada uma aula de ginástica aeróbica foi oferecida a todos os participantes (Foto: Maria Meirelles/SEPMulheres)

Ao final da caminhada uma aula de ginástica aeróbica foi oferecida a todos os participantes (Foto: Maria Meirelles/SEPMulheres)

A ideia de realizar a atividade ao término da passeata era despertar o cuidado com o corpo e a mente das mulheres, em especial as que são ou já foram vítimas de violência doméstica. “A saúde mental da mulher é uma das nossas frentes de trabalho, portanto, atividades físicas que proporcionam prazer psicológico e físico às mulheres, são estratégicas no tratamento da saúde psíquica das vítimas”, ressalta Concita Maia.

“Nós da saúde, estamos em combate constante à violência contra as mulheres. Sabemos que esta é uma luta continua, mas acreditamos nos bons resultados pro futuro, por isso também proporcionamos atividades físicas às mulheres de classes sociais mais baixas, para que elas também possam cuidar do corpo e da mente”, conta a secretária de Saúde de Cruzeiro do Sul, Lucila Bruneta.

Taxistas da paz

Taxistas aderem à campanha pelo fim da violência contra as mulheres (Foto: Maria Meirelles/SEPMulheres)

Taxistas aderem à campanha pelo fim da violência contra as mulheres (Foto: Maria Meirelles/SEPMulheres)

Os taxistas de Cruzeiro do Sul não só apreciaram a Caminhada da Paz como também fizeram questão de adesivar seus veículos com a arte da campanha estadual “Violência contra a mulher, basta! Viver sem medo também um direito nosso”, que foi lançada nos municípios acreanos, no período dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher.

Adriano Santos, 35, exerce a profissão de taxista há mais de quatro anos e diz já ter visto muitos casos de violência. “A gente que trabalha nas ruas, muitas vezes à noite, presencia muita coisa. Eu mesmo já vi casos de agressão, mas quando presencio alguma coisa ligo para o 190 e chamo a polícia. Considero um ato de covardia um homem que bate em mulher”, afirma.

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