Cerca de 150 pessoas prestigiaram o Seminário de Gênero e Violência contra a Mulher, realizado pela Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres (SEPMulheres), em parceria com a Rede Reviver e a Universidade Federal do Acre (Ufac), nesta segunda-feira, 25, no Teatro dos Náuas.
O evento faz parte da agenda integrada da campanha mundial “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, iniciado em todo o Estado.
Durante todo o dia, estudantes, professores e representantes de instituições de acolhimento e proteção às vítimas de violência doméstica, além da sociedade civil, estiveram reunidos para debater as relações sociais de gênero. O seminário marca o início das atividades dos 16 dias de ativismo, que se estendem até 10 de dezembro, data em que se celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
A campanha, que chega à sua 12ª edição no Acre, faz parte do calendário feminista de cerca de 130 países. A finalidade é fazer o enfretamento à violência doméstica por meio da conscientização social, mostrando que é preciso ter forças para quebrar o silêncio e denunciar a violência sofrida pelas mulheres e, principalmente, evidenciar que essa é uma violação de direitos humanos.
O promotor de Justiça do Ministério Público do Acre em Cruzeiro do Sul, Iverson Bueno, apresentou um painel público sobre a Lei Maria da Penha e seus mecanismos. Em outro momento importante do evento, a gestora estadual do Pacto Nacional de Enfretamento à Violência contra as Mulheres e diretora de Direitos Humanos da SEPMulheres, Joelda Pais, contextualizou as políticas afirmativas que estão sendo fortalecidas e implementadas pelos governos federal e do Estado.
“Esse seminário integra a agenda dos 16 Dias de Ativismo no Acre, momento em que pedíamos à sociedade que reflita sobre as relações de gênero e poder e de como isso nos afeta. O governo do Estado, por meio da SEPMulheres, tem propiciado condições favoráveis para o avanço das causas das mulheres, e isso não seria possível sem o apoio da presidente Dilma Rousseff”, explica Pais.
Para a vice-reitora da Ufac, Margarida de Aquino Cunha, a educação é um dos mecanismos para a erradicação da violência. “Um dos motivos que levam homens a agredir mulheres é o machismo, pensamento que prega uma superioridade do masculino sobre o feminino. Nesse sentido, acreditamos que, somente por intermédio da educação, poderemos transformar os índices de violência, e a universidade, como instituição formadora, não poderia estar fora dessa corrente”, disse.
Durante os 16 dias de ativismo, a SEPMulheres e a Ufac promoverão oficinas para os parceiros das Redes Especializadas de Atendimento e Proteção às Vítimas de Violência do Estado, com a temática voltada para o Feminismo e as Relações Socais de Gênero, aprofundando o assunto para onde começa o ciclo da violência. Neste período também estão previstas várias atividades para o Vale do Juruá como palestras, caminhadas, panfletagens e atividades culturais, todas em prol de uma sociedade mais justa, igualitária. A campanha deste ano tem como slogan “Violência contra a mulher, basta! Viver sem medo também é um direito nosso”.
A titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, em Cruzeiro do Sul, Carla Ivane de Britto, destacou a redução do índice de homicídios de mulheres no município: “Em 2010, tivemos oito homicídios, que caíram para três em 2011. Já no período entre 2012 e este ano, até o presente mês, tivemos um, em contrapartida o número de denúncias cresceu. A violência aumentou? Não! As mulheres é que passaram a confiar nos serviços e denunciar os maus tratos que sofriam há tempos. E esse resultado positivo é fruto de um trabalho de integração de toda a Rede Reviver”, ressaltou, Carla de Britto.
O aumento do número de inquéritos, em razão da mudança de consciência das vítimas de violência doméstica, que tomam a atitude de denunciar seus agressores e buscam ajuda, é notório. Elas estão constatando que a Lei Maria da Penha pode ser efetiva e salvar as suas vidas.
“O evento, além de propor uma relação de respeito entre mulheres e homens, apresentou dados que comprovam o resultado positivo da Rede Reviver no Juruá”, afirmou a coordenadora do Centro Especializado de Atendimento à Mulher do Vale do Juruá, Rosalina Sousa.