Tudo começou no quintal de Manoel Bezerra, que, pela criatividade e capacidade de criar engenhocas, é comparado ao Professor Pardal, o personagem dos quadrinhos. Manoel, motivado pela necessidade de extrair o óleo do buriti, fruto abundante em Mâncio Lima, criou uma espécie de “maquinário” capaz de dar uma mãozinha “industrial” ao trabalho do produtor. Tudo feito com peças de veículos, máquina de lavar roupa e o que mais pudesse ser encaixado. Foi muito difícil chegar até esse investimento, feito através do governo federal.
Manoel foi “descoberto” pela Secretaria de Pequenos Negócios (SEPN), do governo do Estado, e ganhou uma verdadeira “mão na roda”. Atento ao potencial da extração de oleaginosas , a equipe de governo ajudou a criar uma cooperativa e capacitou vinte cooperados para tocar o negócio. O treinamento que receberam inclui gestão, eficiência energética, controle financeiro e outros itens que serão fundamentais para o bom andamento da cooperativa. Nesta sexta-feira, 22, o governador Tião Viana e o secretário José Reis entregaram, em Mâncio Lima, o maquinário industrial da Cooperativa de Produtos Naturais.
“A cooperativa pode ser a maior fonte de renda da cidade, beneficiando os ribeirinhos, os produtores que chegam à cidade trazendo o buriti, vendendo aqui na fábrica e indo ao mercado comprar um mantimento, uma roupa. Vamos fazer um planejamento estratégico para explorar não só o buriti, mas também o patoá, que dispõe de um mercado aberto no Brasil e não tem fornecedores”, disse o secretário de Pequenos Negócios, José Reis.
O projeto faz parte da estratégia do governo do Estado de combate à pobreza. Foram investidos R$ 582 mil em equipamentos e capacitação. Manoel, que inspirou o desafio de montar a cooperativa e realizar o investimento por parte da Secretaria de Pequenos Negócios, aprendeu a extrair o óleo do fruto da oiticica com a mãe, no Ceará. Veio para o Acre e descobriu, nas florestas de Mâncio Lima, a riqueza dos frutos oleaginosos e decidiu trabalhar na extração.
“Temos uma nova possibilidade para a economia de Mâncio Lima. Na nossa infância, por exemplo, ninguém dava valor para o açaí. Hoje o açaí é disputado ‘a tapa’ pela indústria do Brasil e do mundo. O buriti ainda é desperdiçado nas nossas florestas sem ser processado e ainda vamos viver o momento em que o fruto também será muito disputado. Esse é o começo de um grande negócio, que fortalece a economia e a comunidade”, disse o secretário de Indústrias e Comércio, Edvaldo Magalhães.
O governador Tião Viana apostou no empreendedorismo e nos pequenos negócios, envolvendo famílias em todas as cidades acreanas, oportunizando geração de renda e melhoria da qualidade de vida da população. Milhares de famílias já deixaram a condição de extrema pobreza por meio da capacitação e da gestão da microeconomia.
“O catador do buriti vende a R$ 12 a saca e cada um consegue tirar até 70 sacas por semana, além das outras atividades familiares. É a oportunidade de mudança e de melhoria na vida das pessoas. São vinte famílias diretamente ligadas à fábrica e até mil famílias de catadores podem ser envolvidas. Isso é o que significa a oportunidade da microeconomia“, observou o governador.
E a prova de que o negócio é viável é a primeira grande encomenda, na qual os cooperados já estão trabalhando: uma tonelada de óleo de buriti, no valor de R$ 25 mil.