A batalha de quem aguarda por um transplante de medula

Débora aguarda pelo transplante de medula (Foto: Angela Peres/Secom)

A expressão popular “é como encontrar agulha em um palheiro” pode definir a dificuldade da busca de quem precisa de um doador de medula óssea compatível para transplante, já que a probabilidade é de uma em um milhão.

A dona de casa Maria Luíza Silva, mãe de Débora, três anos, sabe bem o peso dessa probabilidade. Aos seis meses de vida, Débora foi diagnosticada com leucemia, câncer maligno que ataca os glóbulos brancos (leucócitos), causando anemia, infecções e hemorragias, além de dores nos ossos e articulações, quando não há evolução do tratamento por meio de medicamentos.

Moradora de Rodrigues Alves, Maria Luíza se mudou para Rio Branco com Débora e o outro filho para iniciar o tratamento da menina no Hospital do Câncer de Rio Branco (Unacon). Desde então, a criança tem passado por uma série de internações e tratamentos, pois a doença já apresentou recorrência por duas vezes.

“Infelizmente o irmão da Débora não é compatível e, pelo que a médica nos explicou, o tratamento não está surtindo o efeito desejado, então a única saída no caso dela é o transplante”, conta a mãe.

Agora, mãe e filha enfrentam uma corrida contra o tempo e encontram na fé a aliada para enfrentar a doença. “Minha esperança é de que um doador adequado seja encontrado antes que seja tarde demais, mas eu creio que vamos achar. Minha filha é cheia de vida e quem olha para ela nem acredita que está doente, porque é muito sorridente, apesar de tudo o que passa.”

Acre tem menos de cinco mil doadores cadastrados

O transplante de medula, tecido gelatinoso localizado no interior dos ossos e responsável pela fabricação das células sanguíneas, é um procedimento utilizado em casos de doenças que comprometem a produção de sangue pelo tecido, como leucemias, aplasia da medula óssea e outras doenças genéticas.

O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Acre (Hemoacre) é responsável por realizar cadastro de doadores de medula. Para se tornar um doador é necessário ter entre 18 e 55 anos e estar bem de saúde.

O doador preenche a ficha cadastral e passa por uma coleta de sangue que é enviada para o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), no Rio de Janeiro.  Os dados são cruzados com os dos pacientes que estão na fila de espera para verificar compatibilidade.

Caso o possível doador seja encontrado, ele e o paciente passarão por avaliação médica, para então serem feitos a coleta e o transplante.

Apenas cinco ml de sangue são coletados para serem enviados para análise genética (Foto: Diego Gurgel/Secom)

Até abril de 2017, constavam no sistema 4,8 mil doadores cadastrados, número baixo, levando-se em consideração a população do Acre – cerca de 800 mil habitantes. O Redome também aponta que cerca de 20 pessoas aguardam na fila de espera estadual por um transplante desse tipo.

A gerente de captação do Hemoacre, Quésia Nogueira, explica por que é necessário um número elevado de doadores.  “Quem necessita de um transplante de medula tem 25% de chance de encontrar doador compatível entre familiares, porém a maior parte não encontra. Por esse motivo, é necessário um grande número de doadores registrados para que a chance dos pacientes aumente”.

Segundo Quésia, é importante salientar, para quem deseja se tornar um doador, que a medula não é afetada durante o transplante. “Não há risco de ficar paralítico como alguns acreditam e nem vai fazer falta ao organismo do doador o material que for retirado, pois a medula se regenera rapidamente”, explicou.

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