Mãe: um amor que cura

Quando uma criança nasce, o que os pais esperam é que ela seja saudável e feliz. Na grande maioria das vezes, é a mãe que dedica a maior parte do seu tempo ao bebê. Uma sinergia que se inicia ainda nos primeiros dias de vida, quando o filho ainda é um embrião.

A história da acreana Normélia Cabral, 29 anos, não é diferente do que acontece com muitas mulheres do Brasil. Com baixa escolaridade e renda, a jovem senhora cria as três filhas sozinha em Epitaciolândia, município situado a pouco mais de 200 quilômetros da capital.

A vida de Normélia nunca foi fácil, mas a mãe descobriu a grandeza de sua força, amor e fé quando a pequena Ruilyane Cabral, de dois anos, foi diagnosticada com câncer, em dezembro do ano passado.

“Viemos no dia primeiro de dezembro para Rio Branco, eu não conhecia ninguém. Minha filha fez todos os exames na Fundação, constatou o tumor na cabeça e no dia seguinte foi operada”, relembra a dona de casa, que há cinco meses deixou as outras duas filhas aos cuidados de parentes, para se dedicar à recuperação de Ruilyane, que faz tratamento no Hospital do Câncer.

Normélia celebra a melhora de saúde da filha (Angela Peres/Secom)

Sem casos na família, a mãe só entendeu a criticidade da doença quando conversou com os médicos. “Eu só entendi a gravidade da doença quando vi o resultado do exame, que constatava que o tumor era maligno. Na UTI minha filha parecia um vegetal, não se mexia e nem falava, mas eu tinha que ser forte por ela”, contou emocionada.

Apesar da proximidade entre as cidades, Normélia nunca havia estado na capital. Depois da cirurgia da filha e do período de internação, se iniciou o tratamento com quimioterapia, que foi concluído na semana passada. Com a liberação do hospital, a mãe teve que encontrar um lar para as duas e foi acolhida por um sobrinho estudante.

Com lágrimas nos olhos, a mãe da pequena e valente Ruilyane confidenciou que sempre pensou positivo. “Sempre acreditei muito em Deus, pois a situação em que minha filha se encontrava era muito grave. Todo mundo achava que ela não ia resistir, mas eu estava ao lado dela, dando apoio e acreditando. Continuo até hoje. Sei que nós vamos vencer”, enfatizou.

No cômodo em que Ruilyane participava do seu último dia de quimioterapia, no Hospital do Câncer, outras crianças também lutam pela vida. E é lá que, há quatro anos, Ryan Gabriel do Nascimento, de sete anos, faz tratamento. Diagnosticado com leucemia, o menino de sorriso largo e olhos miúdos, está na fila de espera para fazer o transplante de medula.

A mãe de Gabriel, Valdilene do Nascimento, 41 anos, é também sua avó.  Pegou a guarda do neto quando ele tinha pouco mais de um ano. Quando o câncer foi diagnosticado, largou o emprego e vive em função da recuperação da saúde do filho.

“Logo quando descobrimos a doença, ele ficou internado 40 dias. Foi quando percebi que a luta pela frente seria grande. O pai dele, meu filho, ajuda como pode. Nos fins de semana sempre fica com ele, já a mãe desapareceu. Logo que ele adoeceu, ela desistiu”, contou, Valdilene, com tristeza.

A dona de casa vive do benefício recebido por Gabriel. Sua filha mais nova tem apenas 16 anos. Sobre a dupla função (mãe e avó), ela explica que faz tudo para que não falte afeto para Ryan. “Eu dou amor dobrado para ele, para que não se sinta sozinho”, afirmou.

Gabriel pretende ser policial quando crescer (Angela Peres/Secom)

A cura

Gabriel e Ruilyane estão em fase de conclusão do tratamento. Inúmeros estudos compravam que pacientes que podem contar com o apoio de familiares são mais facilmente tratados.

O amor promove a calma e a resignação ativa, estimulando a luta pela cura e aceitação do paciente em relação às limitações que lhe são impostas pela doença. O amor dessas duas foi fundamental no processo de cura da doença, pois saber-se amado faz toda a diferença.

Neste domingo, 14, celebra-se o Dia das Mães. Para Normélia Cabral, a data tem um sabor especial. “Nós passamos o Natal no hospital, no Ano Novo conseguimos passar em casa. Esse Dia das Mães vai ser especial, pois minha filha está sadia. No fim do mês, ela começa a tratamento da radioterapia e, finalmente, teremos superado e vencido essa batalha”, frisou.

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