BR-364, a rodovia que integra o Acre levando progresso ao Juruá

Erisson de Oliveira relata que os motoristas de taxi passaram a contar com mais uma clientela (Foto: Onofre Brito)

Erisson de Oliveira relata que os motoristas de táxi passaram a contar com mais uma clientela (Foto: Onofre Brito)

Com extensão territorial de 164 mil quilômetros quadrados, 22 municípios e uma população estimada em cerca de 780 mil habitantes, o Acre, geograficamente, possui singularidades próprias. Por um capricho da natureza, as duas principais regiões do Estado não mantêm comunicação hidrográfica.

Os rios Acre e Juruá até que têm muito em comum – nascem no Peru, cortam o mesmo território e desembocam em um mesmo Estado, o Amazonas. O Acre é tributário do Purus, ao passo que o Juruá deposita suas águas barrentas no Solimões.

Apesar de muito importantes na vida da população que vive em suas bacias, não existe, em nenhum deles, o sentido de integração do território acreano. Nossos rios correm paralelos, cortando o Acre em sentido transversal.

O papel de integrar o Estado, tirando o Vale do Juruá do isolamento e do atraso econômico e social, foi dado a BR-364, rodovia federal que nasce na cidade de Limeira, no Estado de São Paulo.

A dona de casa Márcia Lima afirma que, com a abertura da BR, sua família tem alimentos baratos e com qualidade (Foto: Onofre Brito)

A dona de casa Márcia Lima afirma que, com a abertura da BR, sua família tem alimentos baratos e com qualidade (Foto: Onofre Brito)

Em 2 de fevereiro de 1960, em meio a uma reunião com os governadores dos estados do Norte, o presidente Juscelino Kubitschek decidiu construir a então BR 364, ligando Cuiabá a Porto Velho e Rio Branco, abrindo o Oeste brasileiro – trecho que só foi asfaltado em 1983.

A etapa dentro do Acre, iniciada na gestão do governador Orleir Cameli, teve impulso maior durante os governos de Jorge Viana e Binho Marques. Na atual gestão de Tião Viana, a rodovia federal se consolida, passando efetivamente a condição de elemento de integração econômica e social do estado.

De acordo com Marcos Vinicius de Souza, a BR representa a liberdade da população e dos empresários cruzeirense (Foto: Onofre Brito)

De acordo com Marcos Vinicius de Souza, a BR representa a liberdade da população e dos empresários cruzeirenses (Foto: Onofre Brito)

Após três anos de tráfego ininterrupto no trecho entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul, com todas as pontes sobre rios e igarapés construídas, a rodovia federal faz a diferença no extremo ocidental do país. Desde o ano de 2011, quando o governador Tião Viana decidiu que a mesma não fecharia mais durante o inverno, a vida de quem habita o Vale do Juruá mudou. E mudou para melhor!

Os impactos positivos ocorreram na economia, com a queda dos preços, sobretudo de produtos perecíveis, com consequente mudança no hábito de consumo das famílias mais carentes, como conta a dona de casa Márcia Lima: “Entre as mudanças em nosso modo de vida está a redução no preço das botijas de gás, dos alimentos da cesta básica e uma maior oferta de frutas, aves e verduras fresquinhas”.

No campo social, há maior possibilidade de interação entre as populações das diversas microrregiões do estado e do país como um todo – com o transporte coletivo rodoviário intermunicipal e passagens mais baratas que a aérea. Segundo o aposentado Edmundo Negreiros, a construção da BR-364 é um sonho realizado e “é uma pena que a conquista veio quando estou numa idade tão avançada. Mas favorece a população cruzeirense carente que não tem condições de pagar passagens aéreas. Os meus agradecimentos ao governo Tião Viana, que nos integrou ao restante do Acre”, salientou.

“Com construção da BR 364 e as altas tarifas das passagens, o fluxo de passageiros nos trechos CZS/RB diminuiu”, explica o sócio-proprietário da Evastur Turismo (Foto: Onofre Brito)

“Com a construção da BR-364 e as altas tarifas das passagens, o fluxo de passageiros nos trechos CZS/RB diminuiu”, explica o sócio-proprietário da Evastur Turismo (Foto: Onofre Brito)

De acordo com o taxista Erisson de Oliveira Lima, com o transporte rodoviário, os motoristas de taxi passaram a contar com mais uma clientela – aquela que embarca e desembarca na rodoviária, até mesmo com as pessoas que precisam ir com mais urgência para a capital, no atraso das viagens.

Quem viaja muito tem notado uma mudança no aeroporto. Ele está menos movimentado. Cruzeirenses estão trocando o avião pelo transporte rodoviário coletivo ou particular e novas empresas de ônibus estão chegando ao mercado. O resultado é que ficou mais barato viajar para a capital e outras cidades brasileiras, até mesmo para países vizinhos.

Francisco Castro de Souza, sócio proprietário da agência de passagens aéreas Evastur Turismo, comenta que a abertura da BR-364, diminuiu o fluxo de passageiros no trecho CZS/Rio Branco: “A tarifa de passagens é alta, então as pessoas preferem se deslocar para a capital nos ônibus, ou em seu próprio veículo, causando a diminuição do fluxo de passageiros nesse trecho”, retrucou.

Comerciantes que transportavam, por meio de balsas frigoríficas, produtos perecíveis, de Manaus a Cruzeiro do Sul, em grandes quantidades no final de cada inverno, praticamente abandonaram esse modal, fazendo uso quase exclusivamente do rodoviário.

 

No campo social, há maior possibilidade de interação entre as populações das diversas microrregiões do estado e do país. (Foto: Onofre Brito)

No campo social, há maior possibilidade de interação entre as populações das diversas microrregiões do estado e do país. (Foto: Onofre Brito)

 

Para o empresário Marcos Vinícius de Souza, que atuou durante seis anos à frente da Associação Comercial, a obra é a libertação do povo e dos empresários do Vale do Juruá.

egundo o gerente regional do Deracre, Josinaldo Batista Ferreira, os trabalhos não param até a recuperação total da BR (Foto: Onofre Brito)

Segundo o gerente regional do Deracre, Josinaldo Batista Ferreira, os trabalhos não param até a recuperação total da BR (Foto: Onofre Brito)

Para garantir a trafegabilidade durante o ano todo, o Departamento de Rodagens do Acre (Deracre) ainda trabalha na recuperação dos trechos que apresentam problemas e necessitam de reparos.

Segundo o gerente regional do Deracre, Josinaldo Batista Ferreira, os trabalhos não param até a recuperação total da BR. “Mesmo no inverno, teremos equipes atuando nos trechos. São equipes que trabalham na manutenção da rodovia com reparo de buracos e bueiros, permitindo o acesso e segurança das pessoas que trafegam na estrada”, afirma.

Para evitar que o alto fluxo de cargas cause danos à pista, o governador Tião Viana determinou que houvesse uma regulação no limite de carga máxima permitida. No segundo semestre de 2012, a determinação voltou a ser válida no início do período de chuvas. “O órgão autoriza apenas veículos com peso bruto de até nove toneladas trafegando na via, também é permitido o tráfego de caminhões com cargas de até 400 botijas de gás, caminhões que transportes entre 10 mil litros e 12 mil litros de combustível e os ônibus estão liberados”, detalhou Josinaldo.

Em extensão, o sonho tem 642 quilômetros, com mais de 40 anos de espera. Os investimentos chegam a mais de R$1 bilhão – recursos provenientes do governo federal/DNIT e governo do Acre.

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