O juruaense gostou tanto das bajolas que os fabricantes não estavam vencendo a demanda de entrega, porque não tinham espaço adequado de trabalho. No período do inverno a situação se complicava ainda mais. Como todos moravam na Lagoa, bairro localizado às margens do Rio Juruá – onde também trabalhavam na construção do barco –, com a chegada das águas, era impossível trabalhar, já que faziam as canoas debaixo de suas casas e porque a energia era cortada. A realidade foi presenciada pelo secretário Edvaldo Magalhães, que em 2011 começou a realizar as primeiras visitas à categoria.
“Foi visitando esses profissionais e conhecendo a realidade em que viviam e trabalhavam que, junto com eles e o aval do governador Tião Viana, decidimos criar um programa voltado para a categoria, capaz de dinamizar o setor industrial, sobretudo o de base florestal, visando consolidar uma economia limpa, justa e competitiva”, relembra Magalhães.
Em menos de dois anos, o Polo Naval foi construído e entregue para a Cooperativa, que possui 26 sócios – profissionais que aprenderam com os pais a arte de fazer barcos, principal meio de transporte em uma região onde grande parte da população ainda mora às margens dos rios, única via de locomoção.
O Polo já interfere positivamente na vida dos moradores de Cruzeiro do Sul, principalmente nos moradores do bairro do Miritizal. A imponência da obra acaba chamando a atenção dos moradores e ribeirinhos e o local tem se tornado ponto de visitação por quem chega pela BR-364 ou pelo Rio Juruá. Outro fator positivo é a valorização dos terrenos do entorno do prédio. Sebastiana Fernandes diz que nem foi preciso colocar placa de venda na casa – antes disso já apareceu comprador.
A invenção da bajola e o seu sucesso já despertou a preocupação do secretário Edvaldo quanto ao registro da marca. Magalhães esclarece que a Sedens está providenciando o registro da marca Bajola, junto ao Instituto Nacional de Pesquisa Industrial (INPI). “Com o registro, a marca ‘bajola’ poderá ser usada apenas pela Cooperativa de Bajolas de Cruzeiro Sul, assim impedimos que um produto criado e desenvolvimento pela nossa gente seja usado por terceiros”, comentou.