Como um importante passo para seu desenvolvimento econômico, o Acre tem investido, nos últimos anos, em plantas industriais, que se tornam ponta final de diversas cadeias produtivas.
A viabilização de indústrias produtivas não seria possível não fossem os mercados que se abrem com a Estrada Interoceânica, a BR-317, que liga o noroeste brasileiro aos portos peruanos, no oceano Pacífico.
Em uma visão de médio e longo prazos, indústrias de processamento de peixe, porco, madeira e castanha surgiram no estado. Algumas já estão ganhando o mercado internacional, como a Peixes da Amazônia, Dom Porquito e Cooperacre (Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre).
Só em 2015, segundo a publicação Acre em Números, o Acre exportou cerca de U$ 15,9 milhões, principalmente castanha-do-brasil.
A Cooperacre chegou a vender seus produtos para os Estados Unidos, mostrando o potencial de mercado dos produtos acreanos.
Já em curso estão as transações comerciais de pescado, produto que começou a ganhar força no estado a partir de 2011, com a construção de mais de cinco mil tanques e a criação do Complexo Industrial Peixes da Amazônia.
Atualmente, a empresa envia 20 toneladas de tambaqui, pirapitanga e pintado, a cada dez dias, para a cidade peruana de Puerto Maldonado, capital da região de Madre de Díos.
Na questão da madeira, há menos de um ano o grupo Agrinlog, que reúne investidores brasileiros e estrangeiros, começou a investir na reformulação do Complexo Industrial de Xapuri, ao longo da BR-317. Alisson dos Santos, gerente responsável do empreendimento, é categórico ao afirmar o motivo desse investimento: “Esta planta industrial está muito bem localizada, pois utiliza a Estrada do Pacífico para chegar aos portos peruanos. Isso torna esta fábrica bastante atraente para o mercado chinês”.
Novas possibilidades a partir do suíno
O mercado asiático já demonstrou interesse em outro produto acreano, também recente: a carne suína. Em março deste ano, a empresa Dom Porquito fechou contrato com uma rede de restaurantes de Hong Kong, que também possui unidades na China e em Macau.
A partir de maio, serão enviados de um a dois contêineres mensais ao país asiático, cada um com 28 toneladas de produtos diversos, por um período de dois anos.
Segundo Inácio Moreira, diretor-presidente da Agência de Negócios do Acre, que tem participação nessas indústrias, com a Estrada do Pacífico o mercado passou de 800 mil habitantes no Acre para 30 milhões de consumidores no Peru, em um rio menor que 750 km.
“Temos esse grande mercado apto a receber nossa proteína animal. Estamos felizes com o início dessa relação comercial e acreditamos no futuro, pois temos um produto de qualidade, plantas industriais modernas e um produtor, independentemente de ser grande, médio ou pequeno, inserido nas cadeias produtivas”, afirma Moreira.
Integração cultural
Além da integração comercial, está havendo um grande fluxo de pessoas transitando entre os dois países passando pelo Acre, havendo assim uma imersão cultural por ambas as partes.
Só em 2015, segundo a Acre em Números, passaram pela fronteira cerca de 170 mil pessoas, entrando ou saindo do Brasil.