Método canguru auxilia na recuperação de recém-nascidos prematuros

A fonoaudióloga da equipe ensina a mãe, a melhor posição para que o bebê prematuro aprenda a sugar o leite do peito (Foto: Álefe Souza/Sesacre)

A fonoaudióloga da equipe ensina à mãe a melhor posição para que o bebê prematuro aprenda a sugar o leite do peito (Foto: Álefe Souza/Sesacre)

A pequena Júlia Vitória nasceu aos seis meses de gestação, pesando apenas 930 gramas. O parto foi antecipado porque a mãe, Catiele de Melo, teve complicações de saúde, em decorrência da pressão alta. Júlia precisou ficar um mês na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal da Maternidade Bárbara Heliodora, até ganhar mais peso e se fortalecer.

Até então, esse seria o procedimento padrão para todos os recém-nascidos prematuros, mas uma pequena diferença no tratamento adotado pela maternidade vem fazendo a diferença: o método canguru. Graças a essa metodologia, Júlia Vitória pode ser assistida, não só pela equipe médica da UTI neonatal, como também receber o carinho e atenção da mãe em todos os momentos. Catiele teve livre acesso à UTI, sem restrição de horário ou tempo de permanência.

O método, instituído pelo Ministério da Saúde (MS), no âmbito da humanização da assistência neonatal, visa promover, por meio do contato pele a pele precoce entre mãe e bebê, maior vínculo afetivo, maior estabilidade química e melhor desenvolvimento, além de reduzir os custos da assistência perinatal.

A internação na UTI é apenas a primeira etapa do método. Nesta fase, a principal preocupação da equipe médica é estimular a aproximação dos pais, esclarecer sobre as condições de saúde do recém-nascido, os cuidados que ele necessita nesse momento, estimular a amamentação e a ordenha de leite para ser dado ao bebê, já que ainda não tem condições de mamar exclusivamente no peito.

A posição canguru permite o contato pele a pele da mãe com o bebê, o que promove o vínculo afetivo e, comprovadamente, auxilia na melhora do quadro clínico do prematuro (Foto: Álefe Souza/Sesacre)

A posição canguru permite o contato pele a pele da mãe com o bebê, o que promove o vínculo afetivo e, comprovadamente, auxilia na melhora do quadro clínico do prematuro (Foto: Álefe Souza/Sesacre)

Até mesmo a incubadora é devidamente organizada para propiciar o maior conforto possível ao prematuro. Nesse período, a mãe também é incentivada a fazer a posição canguru, que faz referência à bolsa onde a mãe canguru põe seu filhote, até que este esteja totalmente formado.  O bebê é colocado na posição vertical, somente de fraldas, entre os seios da mãe. A mãe, por sua vez, fica só de avental, o que possibilita o contato mãe-filho.

“Vários estudos realizados comprovam a eficácia do método canguru, como, por exemplo, ganho de peso mais rápido, saída mais rápida dos respiradores, redução da infecção hospitalar, aumento do vínculo pai-mãe-filho, redução do estresse e da dor do recém-nascido”, enfatiza a pediatra Márcia Helena Montenegro.

Na segunda fase, o recém-nascido já estabilizado é encaminhado para a enfermaria canguru. “Na enfermaria canguru, a intenção é promover a segurança da mãe, aumentar sua confiança em cuidar do seu bebê, até que ele esteja apto a ir para casa”, explica a enfermeira Sílvia Helena Araújo. Para isso, uma equipe formada por psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, pediatras e enfermeiros se reveza para dar todo o apoio e ensinar às mães como cuidar do seu bebê.

Assim como Júlia, o recém-nascido Israel Tojal vai permanecer na enfermaria canguru até alcançar o peso recomendado para alta – 1,7 quilo – e até que aprenda a mamar sem ajuda das sondas. A mãe, Laura Cristina Tojal, diz que pode sentir o quanto ele gosta de estar bem acomodado em seu colo. “Ele fica bem mais calmo e já ganhou peso rapidinho.”

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