Escola integral: por que mudar a dinâmica entre professor e aluno?

Salas temáticas dão toque especial à qualidade do acolhimento feito aos alunos (Foto: Alexandre Noronha/Secom)

Salas temáticas para cada disciplina, contrato de convivência, clubes de música e cultura e muitos aspectos que devem ir além da grade curricular de adolescentes e jovens estudantes.  Mais que transmitir conhecimento. Incorporar elementos à didática aplicada por docentes na arte de ensinar. Eis o desafio das sete escolas públicas que tiveram a implantação do ensino em tempo integral no Acre.

O programa Escola Jovem tem como base de metodologia quatro princípios educativos. Um deles é protagonismo juvenil, que coloca o aluno como agente principal de todo o processo. Também a pedagogia da presença, que trabalha a formação mais ampla do aluno, desde as emoções até as competências. É, importante, ainda, observar os pilares da educação, o que se resume em estimular o aluno a conhecer, aprender a fazer, a conviver e a ser, e, por fim, a educação interdimensional, que torna o professor um orientador para ajudar o aluno a desenvolver suas habilidades, estabelecendo a relação sinérgica entre escola, família e sociedade.

O alvo é fazer com que os estudantes tenham a capacidade de se visualizar em um projeto de vida estabelecido por eles mesmos e que a escola seja apenas corresponsável pela evolução desse processo. Para assimilar esse formato, professores, coordenadores e gestores passaram por um planejamento estratégico que vai nortear os rumos da educação no estado.

Quebra de paradigmas

Silvânia (D) frisa a importância das mudanças que o programa traz, sobretudo para a classe (Foto: Alexandre Noronha/Secom)

“O currículo escolar é o mesmo. O método é o que o diferencia”, afirma a coordenadora pedagógica geral do Instituto de Educação Lourenço Filho (Ielf), Silvânia Silva.

O Ielf possui, no momento, 14 turmas que iniciaram esta semana as aulas em tempo integral. Uma das mudanças propostas pelo programa Escola Jovem é a extinção das salas fixas por série, o que implica em espaços temáticos e estudo orientado para cada disciplina.

Assim, o modelo que coloca o aluno no centro de sua formação, inclusive dando-lhe autonomia sobre o âmbito das decisões que interferem direta e indiretamente no ambiente escolar, reflete-se sobretudo na dinâmica de como mediar o acesso ao conteúdo.

Há 25 anos na área da educação, Silvânia reconhece que o programa radicaliza o método convencional de ensino, limitado a apenas transferir o que está escrito nos livros.

“A mudança radical é, antes de tudo, no próprio professor. Pois entendemos que de nada adianta ser um mero repassador de informações se a internet também está aí para ser isso. De nada adianta também transcrever o capítulo de um livro se esse capítulo já está lá no próprio livro. Nosso maior exercício é identificar novas formas de trabalhar o conhecimento disponível sem fragmentá-lo, para que o aluno seja bom em todas as áreas, mas que saiba para onde deseja caminhar”, salienta.

É investindo que se transforma

No programa, o governo do Acre está investindo R$ 28 milhões (Foto: Mágila Campos)

No programa, o governo do Acre está investindo R$ 28 milhões. Desses, R$ 7 milhões são provenientes de verba federal, os outros R$ 21 milhões são recursos próprios do Estado.

Nesta primeira etapa em que apenas o ensino médio terá a metodologia, o Escola Jovem visa beneficiar cerca de 4.000 alunos. Já a meta para 2018 é que o modelo se estenda para o ensino fundamental e também para a zona rural.

“Todo sonho precisa ser diariamente avivado. Por isso, temos a importante missão de identificarmos os sonhos desses jovens para que eles tenham efetivamente todas as oportunidades que precisam”, finaliza Silvânia.

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