A Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) está em Rio Branco desde a última terça-feira, 3, para subsidiar as decisões do Ministério da Cultura (MinC) na aprovação dos 509 projetos apresentados na Lei Rouanet, análise que deve ser concluída nesta quinta-feira, 5.
Para consolidar o caráter nacional do órgão, as reuniões são realizadas alternadamente no Distrito Federal, Brasília, e em uma cidade de cada região brasileira, como uma alternativa de aproximar a CNIC da realidade dos fazedores de cultura e do setor empresarial.
Os 36 comissários foram apresentados aos projetos acreanos que já são apoiados pela Rounet: o espetáculo “Solamente Frida”, a Usina de Arte e o Ponto de Cultura Casa Vivarte. “O diálogo com os proponentes proporciona uma compreensão mais justa e abrangente sobre as necessidades da classe artística. É uma experiência que deve ser aproveitada para qualificar as futuras avaliações de propostas”, revela Erika Freddi, coordenadora técnica de Comissões da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura (Sefic).
A atriz Clarisse Baptista, que interpreta Frida Kahlo no teatro, espera que o contato direto com o MinC traga soluções práticas. “Além do alto custo que pagamos pelos serviços, já que a nossa realidade é totalmente diferente do restante do país, o mais difícil ainda é encontrar alguém para investir no seu projeto”, comenta.
Carolina Di Deus, diretora da Usina de Arte, passa pela mesma dificuldade na hora de captar recursos. “Tivemos que pedir pela quinta vez na Fundação Nacional de Artes, Funarte, a prorrogação de um dos nossos projetos, que oferece cursos gratuitos nas áreas do cinema, teatro, música e artes plásticas”, disse.
Encontro – O secretário Henilton Menezes, responsável pela Sefic, se reuniu com artistas e empreendedores acreanos na última quarta-feira, 4, no auditório da Fecomércio, para fazer um balanço sobre os 20 anos da Lei Rouanet e falar sobre a recente criação do Vale Cultura. Outra pauta do encontro foi a possibilidade de investimento dos empresários na área cultural, conversa que tratou não só da importância da ação, como também de esclarecer mitos que, muitas vezes, afastam os patrocinadores.
O presidente da Federação do Comércio (Fecomércio), Leandro Domingos, reconheceu a falta de incentivo e se comprometeu a mobilizar o empresariado para auxiliar nos projetos artístico-culturais. “Apesar de antiga, muitos empresários ainda não tem noção de como a Lei funciona. Precisamos ter a consciência de que uma empresa grande não é só aquela que mostra resultados financeiros, mas que também investe na sociedade. Estamos dispostos a ajudar, pois sabemos que fazer cultura sem dinheiro é impossível”, argumentou.
Para a diretora-presidente da Fundação Elias Mansour (FEM), Francis Mary Alves de Lima, colocar os patrocinadores frente aos fazedores de cultura estabelece um contato necessário e esclarecedor. “É uma oportunidade de apresentar a produção do Acre para sensibilizar a efetiva participação dos empresários. Além de não perderem dinheiro, eles também estarão incentivando a cultura do Estado e terão suas marcas reconhecidas no desenvolvimento de uma área que é importante e que diz muito sobre o seu povo de origem”, comenta.