A equipe do programa Saúde Itinerante atendeu mais de duas mil pessoas em Feijó. A ação foi realizada na Escola Estadual José Gurgel Rabelo. Foram atendidos também os pacientes que estavam agendados para Tratamento Fora de Domicílio (TFD).
Para que tudo ocorresse dentro do esperado, foi preparada toda uma logística. Dois dias antes dos atendimentos, a equipe de apoio seguiu, em carros, para Feijó, levando medicamentos, aparelhos de ultrassom, eletrocardiograma, oxímetro de pulso, fibroscopia, preservativos e insumos, como luvas e seringas, por exemplo.
Na sexta-feira, 16, por volta de cinco horas da manhã, médicos, enfermeiros e assistente social, seguiram para Feijó, a bordo de um avião, levando mais equipamentos e medicamentos.
Nove médicos, de diferentes especialidades – cardiologia, clínica-geral, dermatologia, gastroclínica, geriatria, ginecologia/obstetrícia, infectologia, pediatria e psiquiatria – se dividiram nos atendimentos.
O diferencial do Saúde Itinerante é que não são chamados apenas clínicos-gerais, mas especialistas de diversas áreas, para que possam fazer um diagnóstico correto dos casos e dar resolutividade, sem que o paciente tenha que se deslocar para outras cidades, como a capital Rio Branco, por exemplo.
Além das consultas ambulatoriais, o Saúde Itinerante ofereceu exames de ultrassonografia, Preventivo do Câncer do Colo do Útero (PCCU), colposcopia, cirurgia de alta frequência, endoscopia digestiva alta, eletrocardiograma e exames laboratoriais.
Tudo foi realizado em um hospital improvisado na Escola Estadual José Gurgel Rabelo, onde as salas de aula foram transformadas em consultórios, farmácia e pequenos laboratórios.
A gerente do programa Saúde Itinerante, Celene Maia, falou sobre as dificuldades que a equipe enfrenta para levar atendimento médico especializado aos que residem em locais de difícil acesso. Para isso, o programa depende do esforço e dedicação de cada profissional da equipe.
Celene Maia ressaltou que as pessoas, ao procurarem os atendimentos, passam por consulta, exames e medicação. “Tudo isso é feito em um só dia. Aqui as pessoas já saem medicadas e, caso necessitem de um tratamento, são encaminhadas para o Hospital das Clínicas (HC), em Rio Branco”, disse.
TFD: trabalho conjunto
Pacientes de Feijó que estavam agendados para começar um tratamento médico, realizar exame ou consulta no HC de Rio Branco e aguardavam pela fila de espera no TFD foram remanejados para serem atendidos pelo programa Saúde Itinerante.
Segundo a gerente do TFD, Ediná Monteiro, um dia antes, a equipe esteve em Feijó, identificando essas pessoas para serem atendidas. Cerca de 40 pacientes realizaram consultas pré-operatórias, e 144 pessoas, que aguardavam por uma avaliação médica, foram examinadas.
Ediná disse, ainda, que essa parceria entre os dois programas TFD e Saúde Itinerante busca diminuir os transtornos e o tempo de espera dos pacientes. “Estamos fazendo o inverso, ou seja, em vez de levarmos o paciente até a capital para realizar algum procedimento médico, levamos os atendimentos até eles, proporcionando mais comodidade no atendimento”, complementou.
Durante as consultas em Feijó, o paciente Francisco do Nascimento, diagnosticado com uma doença cardíaca grave, foi transferido para Rio Branco, no mesmo dia, pela Unidade de Terapia Intensiva aérea (UTI), via TFD, para ser internado e começar um tratamento.
“Ao ser diagnosticada a gravidade da saúde do paciente, rapidamente o levamos para o Hospital Geral de Feijó e realizamos um raio-X, eletrocardiograma e um ecocardiograma. Então, houve a necessidade de transferência para Rio Branco, tendo o TFD solicitado a UTI aérea”, destacou o clínico-geral Ítalo Maia.
Oportunidade de atendimento
Para o agricultor Francisco de Paiva, que mora no seringal Benfica, distante cerca de uma hora de barco da cidade de Feijó, “essa oportunidade de tratar a saúde de forma ágil nunca vi em nenhum outro lugar, pois um atendimento onde recebemos consulta e é feito exame e você sai com o medicamento, tudo no mesmo dia, é uma oportunidade única”.
“Nós, que moramos nas margens dos rios, em seringais, colônias ou fazendas, não temos muita preocupação de cuidar da saúde, porque, além de nosso dia a dia ser muito agitado, fica difícil ir para Rio Branco em busca de uma consulta. Com esse mutirão de atendimento bem pertinho da gente, essa é uma chance de fazer uma avaliação médica e verificar se está tudo bem”, comentou o agricultor.
Para o professor Antônio Pereira Neves, valeu a pena participar do trabalho do Saúde Itinerante. “Mas acho que se oferecessem mais dias de atendimento, outras pessoas poderiam usufruir essa ação, porque a maioria reside na zona rural de Feijó e tem dificuldade para se deslocar até a cidade. Mesmo assim, agradeço, porque a equipe faz um trabalho grandioso em pouco espaço de tempo”, enfatizou.
O diretor-geral do Hospital de Feijó, José Arnaldo Oliveira, ressaltou a importância da ação para a população do município. “Agradeço muito a todos pelo apoio dado e, principalmente, ao governo do Acre, pois aqui no hospital a demanda é muito grande e a maior parte dos pacientes é encaminhada via TFD para Rio Branco. Espero que tenhamos outras oportunidades como essa”, comentou.
