Uma história de persistência e ousadia fez os irmãos Elon e Kimbal Musk, protagonistas na era da internet, acumularem uma considerável fortuna. Mas Kimbal, o mais novo, decidiu percorrer outros caminhos, o dos sabores. Atualmente, é dono da rede de restaurantes The Kitchen Cafe, LLC.
E foi exatamente sua trajetória na gastronomia que levou o governador Tião Viana e a primeira-dama Marlúcia Cândida ao seu encontro, na busca de novas parcerias, já que o Acre aposta e investe nessa área. O encontro também foi a oportunidade para Kimbal saborear pela primeira vez a castanha-do-brasil: “É maravilhoso!”, entusiasmou-se.
Ao conhecer os investimentos do governo, que aposta na industrialização e diversidade, reunindo a cadeia produtiva de proteína animal e vegetal, plantio de frutíferas, seringueira e grãos, entre outros, o empresário e chef de cozinha logo se interessou pelo peixe e solicitou uma amostra do produto.
Marlúcia Cândida mostrou a Kimball um pouco do trabalho que ela ajuda o governo a desenvolver na área de gastronomia, inclusive o projeto da Escola de Gastronomia, que está sendo construída na Cidade do Povo e tem o intuito de pesquisar e trabalhar os produtos da floresta. “Queremos que a escola seja uma referência em pesquisas e elaboração de uma gastronomia a partir dos produtos da floresta, além de ser um espaço para formação de jovens profissionais que irão fortalecer o setor no estado, consolidando, dessa forma, a identidade gastronômica do Acre e a cadeia produtiva do turismo”, explica.
Kimball também se interessou pelo relato de Marlúcia a respeito das pesquisas que envolvem o cacau e o cogumelo selvagem. Ele agradeceu o tempo que o governador Tião Viana e Marlúcia, acompanhados da equipe de governo, dedicaram em lhe apresentar um pouco do Acre, principalmente os investimentos em gastronomia, uma força de trabalho de extrema importância para o turismo. Kimball finalizou dizendo que em breve deverá visitar o estado, e espera também aprender com o Acre.
A escola, que terá uma participação público-privada para que possa atender a diversos públicos, também promete trabalhar seus projetos em parceria com os países vizinhos, Peru e Bolívia, além de estados da Amazônia brasileira. “O Plano Estadual de Desenvolvimento do Turismo nos mostra que o fortalecimento da nossa identidade gastronômica, enquanto estado que possui forte influência de sabores do Peru e da Bolívia, nos destaca enquanto destino amazônico, fazendo com que o Acre deixe de ser visto como mais um estado do Norte brasileiro, concorrendo com o Amazonas e o Pará, para ser um estado com forte diferencial a ser visitado pelo turista”, ressalta a secretária de Turismo, Rachel Moreira.
A gastronomia no Acre
O governo do Estado tem promovido o setor gastronômico como cultura e hospitalidade. Por meio de intercâmbios gastronômicos, festivais, concursos, oficinas de formação, encontros e palestras, o estado tem fortalecido esse processo desde 2012.
O fomento ao setor gastronômico contribuirá para preservar o rico patrimônio material e imaterial, além de consolidar o mercado e gerar renda. A Escola de Gastronomia será um centro disseminador da identidade cultural acreana, turismo, empreendedorismo e sustentabilidade. “Investir em gastronomia significa promover pesquisa, desenvolvimento social e ambiental, além de diminuir o distanciamento cultural. A região Amazônica é beneficiada pela riqueza de ingredientes que a floresta oferece”, ressalta Marlúcia.
O programa de formação é uma parceria do Instituto Dom Moacyr (IDM) com a Secretaria de Estado de Turismo (Setul) e o gabinete da primeira-dama. Com previsão de inaugurar este ano, os investimentos da obra da escola são de R$ 10 milhões, com recursos oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do governo do Acre, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco Mundial.
No espaço, haverá salas de aula empreendedoras de restaurantes e hotelaria, bar e cafeteria, cozinha experimental, panificação e confeitaria, práticas livres de hotelaria (camareira e recepção), biblioteca e lanchonete, além de outras áreas de convivência e formação.
Uma história de dedicação e sucesso
Kimball Musk nasceu na África do Sul e aos 18 anos foi morar no Canadá com sua família, de origem humilde, para ser mais uma entre tantas com a perspectiva de melhorar de vida em outro lugar, escolhido pela ascendência da mãe, que tinha passaporte daquele país. Com orgulho, ele diz que, mesmo com tais origens, conseguiu entrar na universidade e cursar Administração.
Na faculdade, Kimball abriu uma franquia de pintura de casas voltada para estudantes e ensinava os jovens desde cedo a serem empreendedores. “Eu não amava a pintar casas, mas isso me ensinou a ser empreendedor. Nunca trabalhei para ninguém na minha vida, o que foi muito importante para mim”, comenta.
Quando se formou, Kimball foi para o Vale do Silício construir uma empresa com o irmão. “Construímos mapas e direções de porta a porta da internet, fomos os primeiros a fazer isso. Vendemos para o Yahoo Maps, que hoje é uma grande parte do que é a internet, e isso é muito emocionante pra mim”, conta.
Depois, em Nova York, Kimball foi estudar gastronomia, que é o que realmente ama. Ele conta que se formou às vésperas do trágico episódio de 11 de setembro de 2001 e, quando o atentado ocorreu, decidiu trabalhar como voluntário com o Corpo de Bombeiros. Diz ter sido uma experiência muito intensa poder ajudar tantas pessoas.
Na trajetória de Kimball, esse foi o momento determinante para abrir o seu restaurante, pois segundo ele, a experiência de alimentar as pessoas lhe dava muita alegria. Depois disso, sofreu um grave acidente que o fez ficar dois meses em uma cama, sem poder se mover. Um outro momento determinante para estabelecer que a partir dali não só trabalharia com restaurantes, mas buscaria influenciar a vida das pessoas na busca por uma alimentação mais saudável.
Depois de fazer uma viagem por todos os Estados Unidos para achar a melhor cidade, Boulder foi a escolhida. Ali fundou o The Kitchen Cafe, LLC, uma rede de restaurantes populares, que também está presente em Fort Collins, Denver, Glendale e Chicago.
O outro passo foi a fundação da Comunidade Kitchen, uma ONG que implanta hortas chamadas “jardins de aprendizagem” em espaços comunitários. Já são 350 espalhadas pelo meio-oeste americano, onde existe a maior concentração de obesos do país, e a meta é que até 2020 seja construído um total de mil hortas como essas.
