O governo do Acre realizou nesta quinta-feira, 15, a 12ª edição do Prêmio Chico Mendes. O prêmio – que leva o nome da maior personalidade do Acre, reconhecido mundialmente por sua luta e morte na defesa da floresta e dos povos que nela habitam – tem como objetivo reconhecer pessoas, atividades e iniciativas que mantenham esse legado.
Todo ano, o troféu Castanha de Bronze é entregue a duas pessoas e uma instituição nas categorias internacional, nacional e comunitário. Neste ano, os vencedores são o diretor executivo e presidente do Earth Innovation Institute, Daniel Nepstad, o chefe-geral da Embrapa Acre, Eufran Amaral, e, por fim, a Associação Agroextrativista da Reserva Extrativista do Rio Liberdade (Asareal).
O governador Tião Viana ressaltou que há quase 20 anos o Acre vem desenvolvendo uma política de preservação ambiental, norteada pelos ideais de Chico Mendes e se esforçando para manter seu legado vivo entre as novas gerações.
“Tínhamos até poucos anos cerca de 300 comunidades isoladas no Acre que viviam como se estivessem no século XIX, na escuridão, na desassistência social, na falta de políticas públicas, educação e expectativa. Era o homem, a natureza e a falta de apoio da sociedade organizada. E hoje isso mudou completamente, com o Luz Para Todos, o Bolsa Família e os programas comunitários. Isso trouxe uma profunda mudança após Chico Mendes”, disse o governador.
Os vencedores
Agraciado na categoria internacional, o americano Daniel Nepstad tem trabalhado na Amazônia há mais de 33 anos, estudando os efeitos das mudanças climáticas e procurando maneiras de manter a floresta em pé, ao mesmo tempo em que haja viabilidades econômicas. Ele é uma autoridade mundial em desenvolvimento rural de baixas emissões e hoje atua no conselho de diretores do Forest Trends, tendo intermediado o intercâmbio de experiências entre os governos do Acre e da Califórnia (EUA).
“A preocupação de Chico Mendes se traduziu em política pública e num plano de governo que gerou uma fonte de esperança para o mundo inteiro. É possível ter crescimento econômico, justiça social e conservação do meio ambiente. Não é só possível, como é necessário, termos esses três componentes andando juntos”, disse Nepstad, emocionado.
Vencedor da categoria nacional, Eufran Amaral desde jovem foi tocado pela luta em defesa dos recursos naturais do Acre e seus povos. Ele buscou em sua formação acadêmica os meios para aliar a conservação ambiental com a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Ele já foi secretário de Meio Ambiente do Acre e hoje atua como chefe-geral da Embrapa Acre.
“Por meio do programa de incentivos ambientais, nós temos aqui no Acre boas experiências. E o mais bonito é que essas experiências permeiam todo o nosso território. Então, isso faz manter não só a história, mas a utopia de que nós podemos, sim, viver num mundo melhor. Porque, se não tivermos isso, para onde iremos?”, ressaltou Amaral.
Já no segmento comunitário, a Associação Agroextrativista da Reserva Extrativista do Rio Liberdade (Asareal) foi a beneficiada, por se destacar graças a suas experiências sustentáveis. A líder da associação, Maria Renilda da Costa, a Branca, mulher que corta seringa desde os 12 anos e criou oito filhos na floresta, foi quem recebeu o prêmio em nome de todos.
“A vida é essa de quem mora na zona rural, é partir pra luta. É no ramal, dentro do roçado. A reserva foi criada em 2005 e a partir daí fomos tendo os conhecimentos de como a gente se destacaria no manejo comunitário e comecei a acompanhar reuniões onde aprendi muita coisa”, conta a senhora.
Justa homenagem
Ainda durante o evento, a filha de Chico Mendes, Angela Mendes, aproveitou para honrar a memória do pai. “Quero parabenizar os ganhadores do prêmio este ano. É um prazer receber vocês em mais uma edição da Semana Chico Mendes, e espero que juntos possamos dar um futuro melhor para a Reserva Chico Mendes e todas as outras reservas de conservação.”
O senador Jorge Viana também destacou a série de avanços que o Acre conquistou após abraçar o conceito da florestania. “É uma história que tem mais de 30 anos, e não tínhamos nada que valorizasse a floresta e os povos que viviam nela. Ao contrário, tínhamos políticas públicas com a concepção de que a floresta era um problema e as pessoas que viviam nela, parte do problema. E o Chico Mendes incorporava a floresta na vida das pessoas, até chegarmos às conquistas que temos hoje.”