Os resultados da primeira fase do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre, o PDSA I, é pauta de uma série de documentários para a publicação “O Panorama da Eficácia no Desenvolvimento”, realizada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O material audiovisual e impresso será lançado em março de 2014 no encontro anual do banco, que nesta edição terá como sede o Brasil.
A jornalista do BID Romina Nicaretta, acompanhada pela economista Cristina Pombo Rivera e a fotógrafa Patrícia Rincon Mautner, percorreu durante uma semana o caminho da economia verde no Acre, com o objetivo de documentar os resultados do PDSA Fase I, programa financiado pelo BID, e ligar os resultados obtidos com as propostas para a implantação da segunda fase.
Segundo Nicaretta, todos os anos é escolhido um programa de sucesso, financiado pelo banco, para fazer parte dessa publicação. “O banco faz uma publicação anual em que o BID relata, informa aos seus acionistas e seus parceiros, incluindo os governos e todas as agências executoras, os resultados que vem obtendo em termos de desenvolvimento dos projetos que financia. Até o ano passado só era produzido material escrito, houve essa nova ideia de fazer um material audiovisual para que pudéssemos conhecer melhor os beneficiários”, afirmou.
A primeira fase do programa foi concluída em 2010, e tem como principais resultados a regularização fundiária e demarcação de quatro florestas estaduais, gestão de áreas protegidas, fortalecimento do sistema de gestão ambiental, gestão de recursos florestais, abertura de ramais e estradas para escoamento de produção, reconhecimento internacional do Acre como área livre de aftosa e a valorização da economia florestal.
Dentre todos os investimentos na área de economia florestal, agropecuária e de produção, o roteiro escolhido contemplou a exploração sustentável da madeira através do manejo florestal na Floresta Pública estadual do Antimary, única floresta pública no Brasil com o selo FSC (Forest Stewardship Council), e a agregação de valor na cadeia da castanha, seringa e o manejo comunitário do Seringal Cachoeira.
Melhoria de vida na Floresta
O PDSA foi responsável pela implantação do manejo sustentável na floresta do Antimary, abertura dos ramais, organização das associações de moradores e regularização fundiária. Atualmente 54 famílias vivem no local, divididas em três associações de moradores. Cada família recebe R$ 850 por mês para atuarem como agentes fiscalizadores do manejo sustentável dentro da floresta, além dos lucros com a coleta da castanha, sementes e outras atividades agregadas à produção local.
Segundo Carlos Ovídio, secretário Adjunto de Assuntos Estratégicos do Desenvolvimento Florestal da Secretaria de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), se mensurado o montante investido e o retorno obtido para o Estado, o financiamento para a primeira fase do programa já foi liquidado. “O direito de uso, dentro do manejo florestal, legal, certificado, com participação comunitária, gera U$ 450 dólares por hectare na Floresta do Antimary, já pagou o financiamento do banco, só aqui, isso que é o legal. Agora o próximo passo é tornar a comunidade um micro empresário, em vez de vim caminhoneiro de fora, é o comunitário ser o caminhoneiro, o operador de máquina. Então aprimorar essa cadeia de valor, e algum nível de industrialização primária, esse é o desafio”, afirma.
O morador da reserva, João Camilo, demonstrou estar satisfeito com as melhorias trazidas para a comunidade através do PDSA implantado pelo governo do Estado “A gente vivia de castanha e de produtos, farinha, milho, só que não tinha valor, quando a gente acabava de tirar, levar pra cidade, chegava lá só dava pra pagar o frete, não tinha nem condição de a gente manter a família da gente. Aí entrou o Governo ajudou e até hoje tá ajudando nessa parte, e melhorou pra 54 famílias, o que é hoje, todo mundo aí chega nas suas casas, a maioria já tá chegando com a sua motinha, sua bicicleta, ou carro mesmo que alguns já têm, nas suas residências”, conclui João.
No último dia 25 a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal aprovou o empréstimo de US$ 72 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o Estado do Acre, para o financiamento da continuidade do programa, que tem por objetivo aumentar a contribuição do setor florestal e agroflorestal ao crescimento econômico e à redução da pobreza do estado do Acre, mantendo o controle sobre o desmatamento no estado. O PDSA Fase II prevê a inclusão socioprodutiva de 20 mil pessoas, com a elevação média de 12% da renda das comunidades em cinco anos.