No Dia Nacional da Alfabetização, Quero Ler avança com 15 mil alunos

Ser alfabetizado sempre foi um dos maiores sonhos do aposentado Antônio Soares, 64 anos (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Ser alfabetizado sempre foi um dos maiores sonhos do aposentado Antônio Soares, 64 anos (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

O Dia Nacional da Alfabetização é comemorado em 14 de novembro – dia em que também foi criado no país, o Ministério da Educação e Cultura, em 1930. A data, instituída em 1966, é importante para a discussão de um grave problema nacional que ainda assola o país: o analfabetismo.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mesmo que o país ainda registre cerca de 13 milhões de brasileiros que não sabem ler ou escrever, o analfabetismo diminuiu consideravelmente nos últimos quinze anos, embora ainda precise ser feito muito para que esse problema seja completamente erradicado.

Tião Viana: “Mesmo diante da crise, já investimos mais de R$ 26 milhões para que o Acre seja vencedor nessa luta contra o analfabetismo” (Foto: Sérgio Vale)
Tião Viana: “Mesmo diante da crise, já investimos mais de R$ 26 milhões para que o Acre seja vencedor nessa luta contra o analfabetismo” (Foto: Sérgio Vale)

No Acre, pensando em por fim nessa problemática social, foi que o governador Tião Viana criou, em junho de 2015, o programa Quero Ler, que propõe alfabetizar, até 2018, cerca de 50 mil pessoas em todo o estado. Em vigor há menos de dois anos, o programa já avança rumo aos 15 mil alfabetizandos em Rio Branco, Feijó, Tarauacá e Cruzeiro do Sul, com perspectivas de expansão para Sena Madureira, Xapuri, Brasileia e Epitaciolândia, até dezembro.

“Esse programa significa para nós uma ato de liberdade, pois a educação é um farol que ilumina a caminhada da gente. A leitura transforma a vida. Mesmo diante da crise, já investimos mais de R$ 26 milhões para que o Acre seja vencedor nessa luta contra o analfabetismo e intitule-se o primeiro estado brasileiro a erradicá-lo”, afirma o governador.

Considerado um dos programas socioeducacionais mais inclusivos da gestão Tião Viana, consiste no ensino do alfabeto e de sua utilização como código de comunicação à população jovem, adulta e idosa do estado, que não teve acesso ao aprendizado fundamental para o desenvolvimento do ser humano. O Quero Ler se consagra, então, como o ponto de partida nesse processo de inclusão social.

Os números do Quero Ler no estado

Em todo o estado, o programa Quero Ler soma 921 turmas, das quais 493 são na zona urbana e outras 428 na zona rural. Isto resulta num total de 10.450 alunos, sendo 6.140 na cidade e outros 4.310 espalhados em diversas comunidades. Cerca de 500 professores são responsáveis pela alfabetização desses alunos.

Em outubro, o governo lançou novo edital que visa a contratação de mais 594 bolsistas de alfabetização e 30 coordenadores de turma para o programa, em oito municípios acreanos. O edital é regido pela Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE).

“É o direito à dignidade humana sendo assegurado. São 594 turmas a mais sendo materializadas. Ano que vem, mais 1.022, e em 2018, outras 700 turmas. Queremos conciliar uma nova revolução no ensino no Acre. Vamos construir o novo modelo pedagógico para o ensino médio, e os alunos do Quero Ler serão parte nessa etapa revolucionária e inovadora”, afirmou Tião Viana.

Ler e escrever: transformação e liberdade

Entre os alfabetizandos é impossível não se inspirar e se motivar com a história do casal de aposentados, Antônio Castro, 72, e Creuza Oliveira, 67. Juntos há 55 anos, são naturais do Seringal Macapá, situado às margens do Rio Purus em Manoel Urbano. Eles contam que chegaram a Rio Branco em 1992, e até então nunca tinham tido a oportunidade de aprender a ler.

“Nunca tive tempo de estudar quando era novo. Hoje eu vejo que a idade é o que menos importa. Eu quero mesmo é estudar, e em algum dia da minha vida aprender a pegar pelo menos um ônibus e saber que fiz isso sozinho”, deseja o aposentado.

Vindos do Seringal, o casal Antônio Castro, 72, e Creuza Oliveira, 67contam que, até então, nunca tinham tido a oportunidade de aprender a ler (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Vindos do Seringal, o casal Antônio Castro, 72, e Creuza Oliveira, 67, contam que, até então, nunca tinham tido a oportunidade de aprender a ler (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Creuza lembra que pertence a um tempo em que no seringal sequer caderno existia. “Eram umas folhas grandes de papel que a gente cortava no meio, costurava com agulha e linha e virava caderno. Algumas vezes cheguei a frequentar a aula, mas nunca segui adiante, de modo que a gente esquece. Hoje me sinto muito feliz por estar de volta à sala de aula”, conta, entusiasmada.

A falta de oportunidade não foi diferente para o aposentado Antônio Soares, 64 anos. No Acre desde a década de 1980, ele conta que ajudou a construir a BR-364.

“Toda a vida eu trabalhei nos acampamentos, operando máquina pesada. Passava meses, até anos longe da cidade. Assim, nunca tive oportunidade de estudar. Quando eu soube dessas vagas, corri para me matricular, porque todo homem ou mulher que se formou um dia passou pela ordem das letras. Toda oportunidade é única. Se eu perder, pode até vir outra, mas esta já era. Então vou aproveitar”, segue otimista, o aposentado.

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