A Escola Estadual Rural Dr. Santiago Dantas está localizada no km 15 da estrada Transacreana (rodovia AC-90) na Vila Manoel Marques de Souza. Tem mais de 500 alunos que estudam desde o ensino fundamental II (do 6º ao 9º ano), passando pelo ensino médio até o programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) no período noturno.
Desde que assumiu a gestão, em fevereiro deste ano, a professora Maria dos Anjos Gonçalves não tem poupado esforços para garantir aos alunos não apenas a acessibilidade, mas sobretudo a qualidade da educação, contribuindo para a mudança de hábitos e costumes.
Ela conta que, quando se iniciou o ano letivo, observou que muitos alunos chegavam cansados, que “faltava algo”. Os professores também observaram o baixo desempenho escolar e nível de aprendizagem. Reuniu toda a equipe pedagógica e resolveu fazer um levantamento.
Chegou-se, então, à conclusão de que alguns alunos eram obrigados a sair muito cedo de casa, pois moravam em locais distantes, em ramais cujas condições de trafegabilidade são precárias, obrigando-os a andar vários quilômetros até chegar à beira do asfalto, onde pegam diariamente o ônibus escolar.
Feito o levantamento, descobriu-se que pelo menos 16 alunos, moradores de ramais como o Castanheira, o Boa Vista e o Cai n’Água, vivenciam essa realidade. A partir daí, a escola passou a oferecer café da manhã e almoço aos alunos antes de entrarem em sala de aula.
A refeição é oferecida aos alunos moradores do Projeto de Assentamento (PA) Barro Alto, que saem de casa às 5h da manhã e andam vários quilômetros até chegar à escola. No almoço são oferecidas em torno de 80 refeições, sendo para os alunos dos ramais mais distantes e também para os que estão no contraturno.
Para tornar isso uma realidade, Maria dos Anjos diz que conta com a importante parceria da Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE), da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) e da comunidade de uma maneira geral.
Histórias de superação
Desde que foi implantado o sistema de café da manhã e almoço para os alunos, revela a professora, já se percebe a melhora na qualidade do ensino e da aprendizagem.
Entre esses alunos está Beatriz Barbosa. Aluna do primeiro ano do ensino médio, ela mora no Ramal Boa Vista e anda cerca de 4 km para chegar à beira do asfalto: “A gente sai de casa cedo para poder estudar no período da tarde”, conta.
Juliana do Nascimento, também estudante do primeiro ano do ensino médio e moradora do mesmo ramal, sai de casa às 9h da manhã, anda 5 km até pegar o ônibus escolar. Seu sonho é ser advogada e nos fins de semana ainda ajuda os pais no roçado.
As histórias de superação se multiplicam. Uma das que mais chamam a atenção é da aluna Luana da Silva, do primeiro ano. Moradora do Ramal Castanheira (km 47 da Transacreana), ela anda 7 km ao asfalto.
As merendeiras
Tudo isso não seria possível se não fosse a dedicação e o esmero das profissionais que fazem as refeições dos alunos diariamente, como Marioneide Sussuarana, Antônia da Silva e Maria das Graças Oliveira. Para se ter uma ideia, no café é servido tapioca, bolacha e frutas para os alunos. O cardápio do almoço também é variado.