Curta-metragem produzido no Acre é selecionado para três festivais

Awara Nane Putaneconta o mito da origem do uso tradicional da ayahuasca entre os yawás

Awara Nane Putane conta o mito da origem do uso tradicional da ayahuasca entre os yawás

“Awara Nane Putane – uma história do cipó”, curta-metragem em animação dirigido pelo jornalista Sérgio de Carvalho, foi selecionado, na semana passada, para ser exibido na IV Mostra de Cinema da Amazônia e no Festival de Cinema Ibero-Americano da Nicarágua, ambos a serem realizados em maio, além de figurar entre os filmes do Festival de Cinema de Lima, ocorrido em abril.

O filme, produzido predominantemente no Acre, estreou em Rio Branco no Festival Pachamama, em novembro, e conta o mito da origem do uso tradicional da ayahuasca (veja boxe abaixo) na versão da etnia yawanawá (ou yawá).

Um dos principais trunfos da produção é o fato de ser toda falada no idioma yawá, pertencente ao tronco linguístico pano. Os sons da floresta e as falas foram gravados na Aldeia Nova Esperança, próxima ao Rio Gregório (AC). As vozes são dos anciãos da tribo, escalados para registrar o idioma o mais fielmente possível. “Eles se dedicaram bastante à tarefa e depois ainda brincavam entre si, na pele dos personagens que interpretavam”, conta Sérgio, que conheceu o mito há 10 anos e logo se interessou por ele. Há cinco começou a se mobilizar para fazer o filme.

Sérgio de Carvalho dirigiu Awara Nane Putane (Foto: cedida)

Sérgio de Carvalho dirigiu Awara Nane Putane (Foto: cedida)

O diretor relata que só foi possível superar a resistência inicial dos yawanawás em colaborar com a produção quando eles perceberam que a tecnologia poderia ajudar a preservar a sua tradição cultural. Em respeito à comunidade, que acabou por acolher a sua equipe, Sérgio fez questão de que a primeira exibição pública do curta fosse realizada dentro da própria aldeia.

“A identidade cultural yawanawá ficou sufocada durante décadas, sob o domínio de missionários cristãos que se introduziram na aldeia. Com a saída deles e o incentivo governamental na realização do festival anual yawá, está ocorrendo uma revitalização das tradições. Com a sua cultura reconhecida, o povo está se sentindo valorizado, os jovens começaram a se interessar por ela e os velhos estão satisfeitos com essa preservação”, relata o jornalista.

O projeto foi selecionado pelo Edital de Fomento ao Curta-metragem do MinC/SAV e teve apoio cultural do Governo do Estado do Acre, por meio do Deracre e Fundação de Comunicação e Cultura Elias Mansour (FEM), Fundação Municipal de Cultura Garibaldi Brasil (FGB), Funerária São João Batista, ABD&C Acre, Wave Produções e VT Publicidade.

Link para teaser do filme: http://www.youtube.com/watch?v=Lv0ixdL4UE0 

Ficha técnica:

Awara Nane Putane. Curta-metragem em animação. Roteiro e direção de Sérgio de Carvalho, produção de Karla Martins e Sérgio de Carvalho, Direção de Animação de Silvio Toledo e Valu Vasconcelos, Edição de Bruno Saucedo, Trilha Sonora e Mixagem de Duda Mello, Produção Indígena de Shaneihu Yawanawa, Vinnya Yawanawa e Vadé Yawanawa, Direção de Arte de Fred Marinho e Silvio Toledo, Pesquisa e Still de Talita Oliveira e Ney Ricardo, vozes de Shaneihu Yawanawa, Tika Matxuru, Nãynawa, Alda Artidor (Dona Nega)Yawanawa, Yuva Yawanawa Kapacuru Yawanawa e Story Board de Clementino Almeida.

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O que é ayahuasca?

Ayahuasca é uma bebida sacramental, de princípio psicoativo, produzida a partir de duas plantas amazônicas: Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis. Sabe-se que era usada pelos incas, mas também há estimativas do início da sua utilização e dispersão entre as tribos ameríndias entre 1500 e 2000 a.C. A ayahuasca é utilizada tradicionalmente em países como Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Brasil e ainda por, pelo menos, 72 etnias indígenas da Amazônia. É destinada a uso espiritual, curativo e para a caça. Cipó, huasca, uni, yagé, caapi, nepê, vegetal e daime são alguns das dezenas de nomes conhecidos desse chá vegetal.{/xtypo_rounded2}

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