Criado para dar resposta rápida aos delitos cometidos por suspeitos que usam motos, o Grupo de Intervenções Rápidas Ostensivas (Giro), da Polícia Militar, revolucionou o policiamento no Estado do Acre com um esquema eficaz e organizado de combate ao crime. Bem treinados e auxiliados por motos potentes, a agilidade no atendimento de ocorrências tem sido destaque nas atuações do grupo.
O êxito das operações é motivo de comemoração para a corporação e a sociedade. A média do tempo de resposta varia de um a três minutos e quase 100% das solicitações são atendidas a tempo.
“Fui assaltado por dois homens de bicicleta, no Parque da Maternidade em um local onde não há rua, por sorte meu celular não estava na mochila que eles levaram e pude chamar a polícia, não demorou cinco minutos e os policiais de motos chegaram onde eu estava e ainda conseguiram prender os ladrões”, declarou o estudante Thalisom Meneses.
Gostar de motociclismo é praticamente um pré-requisito para ingressar no grupo, que hoje conta com 70 homens apenas na capital. Eles atuam divididos em grupos de quatro policiais em três otos, sendo que um é garupa, responsável pelo contato com o comando. Além de oferecer suporte na rendição de um suspeito e carregar uma submetralhadora, arma específica dos grupos táticos da PM.
Paixão pela profissão
Relatos de amor as duas rodas e a adrenalina que ela proporciona, são comuns entre as histórias que motivam o grupo. “Desde jovem sempre fui fascinado por motos, assim que entrei para a corporação, pensei em fazer parte do grupamento, unir minha paixão de criança ao meu trabalho é um privilégio”, fala o sargento Sebastião, comandante de uma equipe Giro.
O soldado Eleonardo, há três anos na corporação, conta que a rotina puxada de patrulha, o combate ao crime e a atenção redobrada ao tráfego de veículos são comuns na vida deles, mas isso não os incomoda. “Para atuar no Giro, é preciso gostar muito”, diz, com orgulho da profissão.
Segurança
O capitão Edener, subcomandante do 1º Batalhão de Polícia Militar (1º BPM), explica que devido o risco e a vulnerabilidade natural de dirigir uma moto em alta velocidade, antes de ingressar no Giro, os policiais recebem um treinamento de técnicas de trânsito, pilotagem, transposição de obstáculos, equilíbrio e, ainda, como minimizar impactos em quedas e rolamentos.
“Alguns de nossos policiais receberam treinamento específico em outros estados que os qualificam a repassar esses conhecimentos para o restante da tropa. A doutrina e a padronização são o diferencial do grupo”. Ele destaca ainda o uso dos equipamentos de segurança durante a patrulha. “Além dos ensinamentos, nossos policiais são orientados a usar todos os equipamentos de proteção individual, colete, capacete, joelheiras, luvas e viseiras”, reforça o capitão.
O grupo Giro é considerado pelo comando da Polícia Militar do Acre, como o modelo de policiamento mais eficaz e produtivo da corporação, ele pretende ampliar os recursos e a estrutura dessa modalidade que já é indispensável para a manutenção da segurança pública.
História
A iniciativa pioneira de utilizar motos em rondas ostensivas foi implantada em Goiás em outubro de 1998 e era, até então, inédita no Brasil. A ideia surgiu no Chile, onde o módulo de policiamento é conhecido por “todo-terreno”, no qual o veículo passa por calçadas e sobe no meio-fio. A medida foi adaptada e aprimorada para o contexto brasileiro e espalhada em todos os Estados.
Anteriormente ao início do Giro, o emprego de motos na segurança pública era diferente, não havia uma patrulha específica com equipes em motocicletas. Os policiais em motos serviam apenas de apoio a viaturas ou agiam sozinhos.
No Acre, o grupo começou em 2002 com a Operação Águia, contando com 30 homens e 14 motos. Devido ao sucesso da operação, o comando decidiu manter o modelo de policiamento para desenvolver missões na capital e no interior do Estado.