O Hospital do Câncer faz parte do complexo do Hospital das Clínicas e atende diariamente mais de 40 pessoas que fazem tratamento contra a doença. A unidade de saúde realiza o atendimento ambulatorial, tem um pronto atendimento que funciona 24 horas por dia e dispõe do Serviço Estadual de Cuidados Paliativos, cuja proposta é oferecer qualidade de vida aos pacientes com câncer.
O serviço é coordenado pela oncologista Holda Moreno, especialista em medicina e saúde da família pela Universidade Federal do Acre (Ufac), e consiste na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais.
Maria Almeida, 80, faz tratamento contra o câncer há mais de quatro anos e desde então recebe os cuidados paliativos. Para acompanhar a alimentação e a evolução do tratamento, a equipe multidisciplinar faz visitas regulares a sua residência, verifica a medicação e faz as recomendações necessárias. “Durante todo o tratamento, Maria só precisou solicitar o auxílio do Samu por duas vezes. Isso indica que ela é uma paciente estável e responde bem ao tratamento”, foi o que disse Holda Moreno, que acompanha todas as visitas.
Os cuidados paliativos referem-se à abordagem do paciente a partir do diagnóstico, atuando em todas as dimensões dos sintomas que vierem a se apresentar. Cuidados paliativos específicos são requeridos ao paciente nas últimas semanas ou nos últimos seis meses de vida, no momento em que se torna claro que o paciente encontra-se em estado progressivo de declínio. Todo o esforço é feito para que ele permaneça autônomo, com preservação de seu autocuidado e próximo dos entes queridos.
O reconhecimento dessa fase pode ser difícil, mas é extremamente necessário para o planejamento do cuidado e preparo do paciente e sua família para perdas e óbito. Mesmo após o óbito do paciente, a equipe de cuidados paliativos deve dar atenção ao processo de morte: como ocorreu, qual o grau de conforto e que impactos trouxe aos familiares e à própria equipe interdisciplinar.
Ângela Maria Apurinã, 62, também recebe os cuidados paliativos. Independente, como poucos, ela conserva a lucidez e mantém a ordem na casa onde mora com o marido e os filhos, no bairro Belo Jardim. Desde o diagnóstico, ela teve que vir para Rio Branco dar continuidade ao tratamento, e de imediato começou a receber os cuidados. Hoje, mora na casa de uma das filhas no bairro Belo Jardim, onde a equipe do Unacom realiza visitas regulares a cada dez dias.
A Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia do Acre está credenciada pelo Ministério da Saúde para oferecer os três serviços essenciais – quimioterapia, radioterapia e o serviço de cuidados paliativos, tudo diretamente ligado ao serviço de assistência social. Os assistentes sociais atuam no agendamento das visitas e nas demandas peculiares de cada paciente, como na solicitação de cartões de gratuidade para o transporte coletivo municipal e na solicitação de benefícios junto à unidade do Instituto Nacional do Segurio Social (INSS) em Rio Branco.
As visitas seguem um cronograma organizado pelos assistentes sociais do hospital e atende primeiramente os pacientes mais idosos. A equipe que faz as visitas é composta por um médico e um enfermeiro, que levam medicação, material para curativos, suplementos alimentares e orientações aos pacientes e familiares.
