Depois de receber notícias de que uma doença estava matando gado no município de Porto Walter, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) enviou equipe para investigar o fato. Foram colhidas amostras em três propriedades e após analisá-las já se sabe o que é: trata-se de raiva bovina, provocada pelo morcego hematófago desmodus rotundus. Mais de cem cabeças de gado morreram em quatro propriedades.
Segundo conta o gerente regional do Idaf, Marcos Pereira, foi recomendada a vacinação contra a raiva num raio de 12 km de distância das propriedades atingidas que ficam na comunidades Estirão de Buenos Aires, Novo Horizonte e Califórnia, todas situadas às margens do Rio Juruá e todas acima da sede municipal de Porto Walter.
Além da recomendação, o Idaf reuniu-se com equipe da área de Saúde e da Vigilância Sanitária Municipal para acertar providências: a mais importante delas foi a proibição de consumo da carne das regiões afetadas no município. Uma nova inspeção será realizada.
Doença que mais mata
Segundo o veterinário do escritório local do Idaf, Luis Leite Neto, a raiva é a doença que mais mata bovinos na América Latina, causando prejuízos anuais de 30 milhões de dólares. A raiva é incurável e o bovino infectado morre geralmente três ou quatro dias após os primeiros sintomas. “A carne não deve ser utilizada para consumo – o animal morto tem que ser enterrado.”
Há menos de dois anos a doença foi identificada em Feijó, Tarauacá e Mâncio Lima, e em outubro do ano passado em Guajará (cidade do Amazonas, situada a 18 km de Cruzeiro do Sul). “É uma doença que está presente no rebanho. A gente quer que os criadores não esperem pela obrigatoriedade de vacinação – que não existe como no caso da aftosa. Ele mesmo procure o Idaf e vacine seu rebanho, pois onde a doença se instala o prejuízo é grande.”
O veterinário avisa que a vacina existe no mercado local e custa R$ 0,80 a dose. Nas quatro propriedades onde foi identificada a doença já foi feita a vacinação, mas alerta o veterinário que é necessário fazer o reforço com outra dose em três semanas. Depois é preciso nova dose daqui a seis meses, até que seja erradicada a doença.
A vacinação é a prevenção mais eficaz contra a raiva de herbívoros, e a vacina específica só deve ser aplicada em bovinos, equinos, caprinos e ovinos.