Um negócio que quase sempre se inicia em um cômodo de casa, a demanda vai aumentando, o negócio vai ganhando mais espaço e mais volume. Essa é a história da maioria das indústrias de confecções de Rio Branco.
Segundo dados do Sindicato das Indústrias de Confecções do Acre (Sincon), as 20 empresas sindicalizadas geram mais de 200 empregos diretos, produzindo basicamente uniformes profissionais e escolares.
Luiz Carlos tem uma malharia no bairro Nova Esperança. Começou o negócio em casa, os únicos funcionários eram a mãe e a esposa. Hoje, emprega quase 40 pessoas e confecciona cerca de sete mil peças por mês.
À medida que a demanda foi aumentando, Luiz Carlos foi também modernizando sua empresa. Recentemente adquiriu uma máquina de corte, totalmente computadorizada. A aquisição reduziu em 12% a perda de tecido.
“Com essa máquina nós chegamos a cortar 400 quilos de malha e quatro mil metros de pano por mês. Tivemos que nos adaptar para conseguirmos atender toda a demanda que o mercado nos oferece”, comentou Luiz Carlos.
Um dado positivo é que, em sua malharia, a maior demanda vem do setor privado, e não do público, como é o caso de muitas empresas desse setor. “Hoje nós atendemos basicamente o comércio e a construção civil. Mensalmente confeccionamos centenas de uniformes para essas áreas”, enfatizou.
Ao contrário de Luiz Carlos, Lucélia Alves, também proprietária de uma malharia, conseguiu se erguer no mercado há dois anos, quando venceu uma licitação para fornecer uniformes ao Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen).
“Foi com esse dinheiro que eu pude ampliar um pouco mais minha malharia e consegui comprar máquinas mais modernas”, comenta Lucélia.
Ela, que também começou seu negócio em casa, numa parceria com a irmã e apenas duas máquinas de costura, emprega hoje 16 pessoas. “E assim que concluir a ampliação da malharia, devo contratar mais 10 a 15 funcionários para trabalhar nas confecções de jeans”, explica.
Mesmo sendo uma área que está em ascensão, os confeccionistas alegam que a principal dificuldade ainda é a falta de mão de obra qualificada. “Diria que 50% dos meus funcionários foram qualificados pela nossa empresa”, afirma Lucélia.
Para quem procura oportunidades de emprego, essa é uma área promissora para se investir, pois, segundo o secretário de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), Edvaldo Magalhães, o setor de confecções pode crescer ainda mais.
“Com o decreto de fortalecimento da indústria local, que exige que todo e qualquer órgão público do Estado deve priorizar as empresas acreanas, nossas indústrias se tornaram mais competitivas, não correm o risco de disputar de forma desigual com empresas de fora. Dessa forma, com o mercado aquecido pelo Estado, a demanda aumenta e a contratação de pessoas é uma consequência”, esclarece Magalhães.
Uma novidade que pode aquecer ainda mais o setor é a criação do Polo de Confecções do Acre, um projeto do governo do Estado que pretende reunir todas as indústrias da área em um único lugar. “Meu maior desejo é reunir todas as nossas indústrias em um único espaço. Assim, as pessoas poderão ver o nosso trabalho”, disse Raimunda Holanda, a “Dona Raimundinha”, como é conhecida. Ela está à frente do Sincon há mais de 20 anos.