Palhaço doa esperança a crianças em tratamento contra o câncer

Toda terça-feira, o Palhaço Peteleco faz a alegria das crianças da Unacon (Foto: Arison Jardim/Secom)
Toda terça-feira, o Palhaço Peteleco faz a alegria das crianças da Unacon (Foto: Arison Jardim/Secom)

A vida tem formas impensáveis de dar lições. Na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) do Hospital das Clínicas do Acre, mais de 90 crianças demonstram, diariamente, formas de lidar com uma das maiores enfermidades da humanidade.

Do adeus à cura, entre o tratamento químico e as consultas, uma boa dose de sorrisos entra em cena para combater a dor.

Há oito anos, um personagem percorre os corredores da unidade, cumprimentando todos, dando bom-dia e desejos de melhora. Toda terça-feira, o Palhaço Peteleco doa momentos de esperança e muita alegria para as crianças que fazem tratamento na Unacon.

Davinei Cunha, palhaço e professor, teve sua primeira lição entre os cinco e sete anos de idade, quando descobriu um câncer (a osteomielite), e após o tratamento doloroso e agressivo, obteve a cura.

Davinei também já foi vítima de câncer quando criança (Foto: Arison Jardim/Secom)
Davinei também já foi vítima de câncer quando criança (Foto: Arison Jardim/Secom)

Os anos se passaram. Já saudável, seguiu seu caminho até terminar os estudos e descobrir o ato de se doar. Em atividades de sua igreja, percebeu que poderia inovar nas ações comunitárias fantasiando-se de palhaço.

Já são 18 anos em que o Palhaço Peteleco se divide entre a carreira profissional e o voluntariado, sendo oito deles com as crianças da Unacon. “Quando cheguei lá, me deparei com uma realidade muito forte. Algumas crianças sem cabelos, enfraquecidas pelo tratamento, fazendo quimioterapia”, revela Peteleco.

As lições foram chegando dia a dia, desde então. “Como palhaço, levar alegria para aquelas crianças e ver nelas um olhar de esperança, uma sede de brincar e se divertir, fizeram com que eu me apaixonasse”, afirma Cunha, após o primeiro dia de voluntário, ao ser convidado por um de seus clientes.

Para os mais de 90 pequenos pacientes, ter esse dia na semana dedicado à alegria ajuda muito. O tratamento, por vezes, é agressivo, e pode fazer com que as crianças percam até mesmo a percepção do paladar.

Na unidade que recebe os pacientes que têm a confirmação do diagnóstico, a equipe multidisciplinar é composta por especialistas, enfermeiros, farmacêuticos, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas, além de cirurgiões oncológicos. Todos, juntos dos voluntários como Peteleco, participam de histórias que marcam qualquer alma.

Entre os aprendizados que o palhaço leva todos os dias consigo, está o encontro com um paciente, chamado Gabriel. “Ele me ensinou a ter fé”, inicia a narrar a história. “O Gabriel, mesmo passando muita dor, chamou o Peteleco e perguntou: ‘A doutora está aí? Chama ela para mim’. Ele falou para ela: ‘Eu não aguento mais sentir dor. Por favor, me entuba, não quero mais sentir dor’. No dia seguinte, faleceu”, relata, com uma pequena pausa para enxugar a lágrima que caía ao relembrar.

Após respirar, Peteleco revela o grande aprendizado que teve desse encontro doloroso com aquele inocente que não aguentava mais sentir dor: “Ele me trouxe o ensinamento de ter fé, de ter a consciência de que aquele momento da dor precisava acabar. Levo essa fé para todas as crianças que encontram o Peteleco”.


Seja um doador de medula óssea

Além de doar arte do seu tempo e sua atenção para as crianças da Unacon, você pode ser um doador de medula óssea.

Na última campanha realizada em Rio Branco em 2016, mais de 430 pessoas fizeram doação de sangue e apenas 10 se submeteram também ao teste para doar medula óssea. Ou seja, 430 pessoas poderiam ter se cadastrado e ser doadoras em potencial.

Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos, gozando boa saúde, pode ser doadora de medula óssea. É necessário comparecer ao Hemoacre com documento original com foto, preencher um formulário com dados pessoais e doar cinco mililitros de sangue.

Essa amostra determina as características genéticas que são necessárias para a compatibilidade entre o doador e o paciente.


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