O acolhimento humanitário oferecido pelo governo do Acre aos haitianos refugiados, mesmo sem a obrigação constitucional para abrigar os imigrantes, foi o principal assunto abordado durante a entrevista que o governador concedeu ao The Asahi Shimbun, jornal japonês com tiragem diária de oito milhões de exemplares.
Para o governador Tião Viana, o Haiti é vítima de uma das maiores tragédias, que é a soma da pobreza, corrupção, política ditatorial e um terremoto. O acolhimento aos refugiados seria um conceito de ajuda humanitária internacional. “Mas, quando percebemos que havia um comércio nisto, com pessoas que facilitariam a vinda deles, pedimos ajuda para regulamentar a entrada dos imigrantes. A solução não é fechar as fronteiras, mas acolher, ajudar. Não é esse o papel constitucional do Estado, mas não temos como negar solidariedade”, disse.
Uma das perguntas dos jornalistas japoneses foi com relação aos custos para manter os haitianos abrigados. O Acre já gastou quase R$ 3 milhões, sendo R$ 1,2 milhão destinado pela presidente Dilma Rousseff, e para o orçamento do próximo ano tem R$ 2 milhões orçados. “Se o dinheiro nos faz falta? Sim, faz, mas não temos como negar comida e dormida para esse povo tão sofrido. É uma escolha. O mundo deveria entender que aqui, nesta situação, nós nos transformamos numa área que necessita de ajuda internacional e mandar emissários para dar apoio. Falo da Cruz Vermelha, da ONU [Organização das Nações Unidas], OEA [Organização dos Estados Americanos]”, comentou.
Durante a entrevista o governador também apresentou alguns dados sobre o desenvolvimento do Estado e explicou a opção do Acre pela sustentabilidade. “Entendemos que existem riquezas extraordinárias na floresta e podemos explorá-las, respeitando os limites da natureza. Temos aqui a maior empresa de laminados de madeira certificada da América Latina, a castanha representa nosso maior produto de exportação, e teremos renda de R$ 1 bilhão por ano com a cadeia produtiva do peixe. São exemplos de como negócios sustentáveis são viáveis”, disse o governador.