Tom Zé fará apresentação na 2ª Bienal da Floresta do Livro e da Leitura

Sábado é dia de show de Tom Zé no Novo Mercado Velho (Fotos: divulgação)

Sábado é dia de show de Tom Zé no Novo Mercado Velho (Fotos: divulgação)

O cantor e compositor Tom Zé apresentará o seu show “Tropicália Lixo Lógico” neste sábado, 15, às 20h30, no Palco Espetacular (Novo Mercado Velho). Realizada pelo governo do Acre, o evento é gratuito e faz parte da programação da 2ª Bienal da Floresta do Livro e da Leitura, que é coordenada pela Fundação Elias Mansour (FEM), por meio do Departamento Estadual do Livro e da Leitura (Dell). O patrocínio é do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Petrobras e Instituto Federal do Acre (Ifac).

O álbum

Lançado no dia 4 de agosto no Circo Voador, Rio de Janeiro, o álbum independente “Tropicália Lixo Lógico” é a visão de Tom Zé sobre o movimento que ajudou a criar no finzinho da década de 1960 com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, Gal Costa, Jards Macalé e outros grandes nomes da cultura do país, como é o caso do cineasta Glauber Rocha e do artista visual Hélio Oiticica.

Fora o Tropicalismo, o músico ainda se utiliza de referências da história mundial, filosóficas, citando Aristóteles e Platão, e até mesmo da neurologia, especialidade médica que trata do sistema nervoso. Tudo isso para explicar o surgimento da Tropicália e outros elementos do século 21, mas, claro, não são letras óbvias. Elas são do cara que disse a famosa frase: “Tô te explicando pra te confundir”.

“Na década de 1960, Caetano e Gil ouviram Beatles e Mutantes, leram Oswald (de Andrade) e Agrippino (José Agrippino de Paula), assistiram às peças de Zé Celso (Martinez), conheceram as pirações de (Hélio) Oiticica e se incomodaram, como a ostra diante da pedra. Sentiram que um mar de inovações os convocava à luta e que a tal da MPB necessitava abraçar de vez a modernidade. Foi daí que o lixo lógico abandonou o hipotálamo deles e reinvadiu o córtex. Em outras palavras: os dois perceberam que tinham de resgatar o aprendizado do interior, a herança dos árabes, a tradição oral e uni-los à cultura pop do Ocidente, filha direta do pensamento aristotélico. Conseguiram, assim, engendrar um ser inteiramente original, a dona Tropicália”, disse em entrevista à revista Bravo, edição 179.

Impressões

No blog “mojoindie.com”, Gabriel Picanço escreveu uma resenha sobre o “Tropicália Lixo Lógico”. Lá, ele avisa aos ouvintes que não se surpreendam com os finais bruscos de cada canção, é normal. “No momento que a melodia das faixas começa a se assentar nos ouvidos, tornando-se familiares, o fim repentino contraria o esperado e desperta a atenção de quem ouve, como um tapa, uma sacudida, fazendo com que toda a atenção se volte novamente para o disco e a faixa seguinte”.

Capa do novo álbum de Tom Zé, 'Tropicália Lixo Lógico',que também dá nome ao show que o artista fará na 2ª Bienal do Acre no sábado

Capa do novo álbum de Tom Zé, ‘Tropicália Lixo Lógico’,que também dá nome ao show que o artista fará na 2ª Bienal do Acre,. no sábado

Para os artistas da nova geração, o álbum de Tom Zé foi também uma porta aberta para vivenciar o seu confuso processo criativo e estreitar laços. Um exercício de afeto entre gerações distintas e, literalmente, dissonantes. Produzido pelo músico Daniel Maia, estão registradas participações especiais de Mallu Magalhães, Emicida, Rodrigo Amarante, Pélico e Washington.

“Mas Tom Zé, o que é isso? Se não perguntasse, ficaria à deriva, sem compreender as canções. Ele cultiva um quê de sonhador. Após tanto tempo de carreira, continua se maravilhando com a vida. Tem gente que, à beira dos 40 anos, já está morrendo. Tom Zé ainda está crescendo”, comentou Mallu Magalhães, que participa em “O Motobói e Maria Clara”, música que mistura o erudito orquestrado com o baião.

Segundo a crítica do jornalista Tiago Ferreira no site “namiradogroove.com.br”, “Tropicália Lixo Lógico” é um álbum diferente de “Jogos de Amar: Faça Você Mesmo (2000)” e do inesperado “Danç-Êh-Sá (2006)”, este último foi produzido com instrumentos construídos pelo próprio Tom Zé. “O novo disco desse inquieto baiano foge daquelas (em relação aos discos citados) experimentações estéticas”.

Quem for até o Palco Espetacular no sábado, não vai encontrar algo tão digesto ou fácil, mas sim um arquivo vivo da música brasileira, um furacão de ideias dos idos da ditadura ao bundalelê dos anos 2000. Aos 75 anos de vida, meio século só de carreira musical, Tom Zé está vivo, no sentido mais atuante da palavra, lúcido e influente. Seja bem-vindo!

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