A imagem que deu origem ao material gráfico do “Seminário Integralidade sem fronteiras: itinerários formativos, de justiça e de gestão na busca por cuidado” é de autoria do artista Hélio Melo, que retratou de maneira crítica a vida na floresta e a realidade acreana a partir da década de 70. A 12a edição do seminário, será realizada no auditório do Hospital das Clínicas (HC), em Rio Branco, entre os dias 13 e 17 de agosto, e vai reunir pesquisadores, professores e profissionais de saúde para discutir saberes e práticas no cotidiano das instituições de saúde.
E o que Hélio Melo tem a ver com integralidade em saúde? Para o médico Rodrigo Silveira, coordenador do Seminário e professor do curso de Medicina da Ufac, a identificação está nas obras com o olhar regional e na sua trajetória de vida. “Ele era uma pessoa que amava o que fazia, pensava criticamente a sua realidade, buscava soluções criativas e sustentáveis para seu trabalho no cotidiano”, diz.
Sempre referenciando o seringueiro e o sofrimento do homem do campo, Hélio Melo começou a ser reconhecido ao fazer desenhos, histórias e músicas sobre o desmatamento que se iniciava no Acre nos anos 70 e a expulsão dos seringueiros da floresta para dar lugar à pecuária. Sua filha, Fátima Melo, considera que ele referenciou de maneira digna não só a classe artística acreana, mas também honrou o Acre em exposições e apresentações no Brasil e no exterior. “Hélio Melo representou de maneira brilhante a classe artística acreana. Ele sabiamente utilizou a floresta para denunciar todas as suas insatisfações, mostrando claramente seu lado crítico e também político”, disse Fátima.
A integralidade é um princípio do Sistema Único de Saúde e um dos fundamentos teóricos para pensar as práticas de cuidado e as perspectivas dos serviços de saúde de maneira crítica e política. Um dos objetivos do encontro é refletir sobre a integralidade no cotidiano das práticas de saúde. A palavra-chave para o tema é o cuidado, que inclui envolvimento, escuta do sujeito, respeito pelo seu sofrimento e história de vida, abrindo espaço para incluir saberes, desejos, diferenças e necessidades específicas das pessoas em uma situação de adoecimento. O cuidado pode ser traduzido em atitudes como tratamento digno e respeitoso, com qualidade, que não se resume ao cumprimento de tarefas técnicas.
O evento é realizado anualmente e há dois anos tem edição itinerante. É promovido pela Secretaria Municipal de Saúde, em parceria com o Laboratório de Pesquisas sobre Práticas de Integralidade em Saúde e tem o apoio da Secretaria de Estado de Saúde do Acre. As inscrições estão abertas no site do Lappis (www.lappis.org.br) e serão emitidos certificados de participação.