Com Rio Acre seco moradores são conscientizados sobre uso da água

Agentes orientam a moradora Raimundo Nonata a informar o Depasa os desperdícios nos domicílios vizinhos (Foto: Roberta Marisa/Depasa Rio Branco)

Agentes orientam a moradora Raimundo Nonata a informar ao Depasa os desperdícios nos domicílios vizinhos (Foto: Roberta Marisa/Depasa Rio Branco)

Em Rio Branco cerca de 60% da água tratada é perdida, desde a produção nas estações à utilização nos domicílios. Com o objetivo de reduzir o alto índice de desperdício, principalmente no período de estiagem, o Depasa Rio Branco intensifica ações sociais que orientam a população a não desperdiçar água tratada.

A ação desenvolvida por vinte agentes e quatro assistentes sociais teve início no Segundo Distrito e atendeu 50 mil pessoas, em vinte bairros. Agora a região atendida é a do Calafate: já foram visitados 4.500 domicílios e mais de vinte mil pessoas receberam orientações socioeducativas, em 14 bairros da Regional V.

A campanha é realizada de forma simples. As equipes do setor social do Depasa Rio Branco visitam casa por casa, conversam com os moradores e orienta-os sobre o uso adequado da água, além de efetuar atualização cadastral e levantamentos técnicos para saber se o sistema está regular, se tem hidrômetro, se a água está caindo todo dia, se há vazamentos.

Segundo a coordenadora da equipe social, Odineide Oliveira, o plano de trabalho foi modificado para que o departamento possa obter maiores resultados. “Estamos trabalhando por rota, o que facilita, pois liga um bairro a outro. Agora, o trabalho de atualização cadastral está sendo feito junto com a conscientização”, explicou.

Moradores adotam nova rotina sem desperdícios

Adriana Silva e o marido moram há quase dois anos na Rua Flamingo, no bairro Ilson Ribeiro,  e conta que o problema com a falta de água era comum. “Eu moro aqui faz pouco tempo, mas muitos vizinhos falam que a situação era muito difícil. Hoje tem água, ainda bem, e eu passo o dia em casa e dificilmente a gente gasta muita água. Eu não tenho boia na caixa d’água, mas fico de olho quando tá enchendo”, diz a moradora.

Agente social explica como evitar o desperdício em casa ao comerciante Juciclei Carvalho (Foto: Roberta Marisa/Depasa Rio Branco)

Agente social explica como evitar o desperdício em casa ao comerciante Juciclei Carvalho (Foto: Roberta Marisa/Depasa Rio Branco)

Na mesma rua, o comerciante Juciclei Carvalho, 25 anos, ensina a utilizar água sem desperdício. “Quando cai água eu e meu pai corremos para encher os galões, as caixas e vasos – porque a gente usa essa água para beber – depois que fica tudo cheio a gente fecha e guarda. Meu pai é sempre muito exigente, a gente tem cuidado aqui em casa, porque água é vida e não podemos estragar, ainda mais nesse verão. Usar água sem estragar é fácil, o cabra só precisa ter cuidado para fechar a torneira quando não for usar”, frisou.

Já seu Nonato Amaro, amigo do comerciante, disse que mora em um quarteirão próximo, mas pratica os mesmos hábitos, porque valoriza os dias que recebe água com tranqüilidade: “Aqui água era só de poço, ou comprada, era muito difícil ter água. Moro num quarteirão, lá tem três caixas d’água e a gente usa água de forma econômica, quando tá tudo cheio, um ou outro morador fecha”.

Medidas socioeducativas são instruídas aos moradores

Maior parte dos moradores exerce de fato a prática consciente, porém o trabalho socioeducativo influenciou na mudança de rotina de cada família. De acordo com a assistente social Isabel Cristina, os desperdícios domiciliares ainda são grandes, pois muitos moradores não estão acostumados a receber água o dia todo. Para ela uma situação delicada de trabalho foi numa rua na região do Calafate que tinha várias ligações de água, sem medida de consumo.

“Os moradores estavam com a ligação feita, recebendo água direto, mas não estavam pagando ainda, aí eles não tinham consciência e deixavam a água derramando o dia inteiro. A orientação foi feita com bastante cuidado, explicamos tudo detalhadamente. Estamos sensibilizando as pessoas para que possam fazer uso da água de forma correta”, revelou Cristina.

O agente social José Maria contou que muitos moradores desperdiçam por falta de instrução. “Desperdiçar é um crime, enquanto uns desperdiçam, outras famílias ficam sem. Então, nosso trabalho está sendo muito importante. Com a gente por perto eles se sentem mais próximos do Estado. Estamos explicando sobre o hidrômetro e a boia, que eles não sabem manusear”, ponderou.

A moradora Raimunda Nonata, 45 anos, confessou à agente social que vê muitas casas desperdiçando, mas tem medo de falar algo que possa provocar conflito. “Outra noite quando estava esperando minha caixa encher a do vizinho tava derramando que só. Chamei meu marido e ele foi lá fechar. Água, meu Deus, ninguém pode desperdiçar, porque é tão difícil ter”, expôs Raimunda.

A agente social esclareceu que a moradora só precisa ligar para o Depasa (0800 647-0195) e informar o desperdício. “A água é pública e se uma família desperdiça, outra fica sem água. Informar o Depasa não é fazer fofoca, é um direito do morador”, pontuou a agente.

A coordenadora da equipe social do Depasa Rio Branco garantiu que o trabalho “de formiguinha” está sendo eficaz. Segundo ela, com o reaproveitamento de água os moradores não precisam abandonar os velhos hábitos, como lavar calçadas ou molhar ruas. “Basta ter consciência e reaproveitar a água de uma lavagem de roupa, por exemplo.”

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