“Educando para a liberdade” é com esse slogan que a Escola Fábrica de Asas, instalada no presídio Francisco D’Oliveira Conde, em Rio Branco, tem incentivado e ajudado os reeducandos a sonharem com um futuro melhor.
Uma prova disso foi o resultado da 11ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Os reeducandos Tiago Henrique Correia e Flávio Dias são medalhas de bronze na modalidade de ensino fundamental, e outros três reeducandos receberam menção honrosa pelo bom desempenho. De 129 alunos atendidos pela escola, 65 se inscreveram na Obmep.
Tiago Henrique Correia, que cumpre pena de 14 anos, destacou que este foi o primeiro passo em busca de outras conquistas que sonha para sua vida.
“O resultado me mostrou que não devemos desistir dos nossos sonhos. Sonho com um futuro melhor, quando cumprir a minha pena, e isso só será possível por meio da educação”, contou.
Fabricando sonhos
Desde 2002, a Escola Fábrica de Asas oferece alfabetização, ensinos fundamental e médio, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). A coordenadora de Educação do Sistema Prisional, Helena Guedes, pontuou que o ensino no sistema prisional é primordial para o processo de ressocialização dos reeducandos.
“A educação transforma a vida, pensamentos e atitudes. Resultados como esses elevam a autoestima e servem de incentivo para os outros reeducandos”, relatou.
Segundo o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), foram inscritos mais de 18 milhões de alunos em todo o país. Desse total, 500 receberam medalhas de ouro, 1,5 mil de prata, 4,5 mil de bronze e 42,2 mil estão na lista de menções honrosas do evento.
Os medalhistas ainda serão contemplados com o Programa de Iniciação Científica (PIC), previsto para 2016.
Experiência diferenciada
Para a diretora da Fábrica de Asas, Eleni Melo, dar aulas no presídio é uma experiência diferenciada e enriquecedora. “Você conhece uma realidade diferente das outras escolas. O que chama atenção é a força de vontade dos reeducandos e a disposição de serem ajudados”, afirmou.
Flávio Dias, outro medalhista, que cumpre pena de 21 anos de reclusão, contou que sempre gostou de matemática. “A busca pelo dinheiro fácil fez com que eu abandonasse meus estudos. Agora, vejo nos estudos a oportunidade de mudar de vida. Pretendo me inscrever novamente na Obmep e buscar melhores resultados. Esse reconhecimento foi muito importante para seguir em frente”, destacou.