No estado do Acre, a conservação do meio ambiente caminha ao lado da capacitação das comunidades que vivem no interior da floresta amazônica. Produtoras de matérias-primas essenciais para a fabricação de cosméticos e produtos de base vegetal, essas populações participam ao longo do ano de cursos e oficinas promovidas pela Fundação Técnica do Estado do Acre (Funtac) e aprendem as melhores práticas de manejo ambiental.
Um pouco do conteúdo dessas oficinas foi reproduzido no estande da Funtac na Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20 realizado no Aterro do Flamengo. Quem passou pelo local pôde conhecer e praticar as técnicas de produção de fitocosméticos, como sabonetes, óleos trifásicos, shampoos e cremes hidratantes fabricados a partir de plantas originárias da Amazônia, como castanha, copaíba, andiroba, buriti, açaí, entre outras.
Luis Augusto Mesquita, presidente da Funtac, explica que o objetivo do programa de capacitação oferecido pelo órgão no Acre é profissionalizar e agregar valor ao trabalho que já é realizado pelas populações tradicionais.
“Mostramos que é possível continuar extraindo as matérias-primas da natureza sem desmatar. Esses produtores tornam-se grandes conservadores da floresta e ainda encontram caminhos para obtenção de renda com a comercialização em escala maior dos insumos vegetais extraídos das espécies locais”, destacou Mesquita.
É o caso do produtor Manoel Bezerra de Souza, morador da cidade de Mâncio Lima, no Acre, quase na fronteira com o Peru. A Funtac fez questão de trazê-lo ao Rio de Janeiro para que ele pudesse dividir sua experiência assim como faz nas oficinas itinerantes realizadas com diversas comunidades do Acre. “Trabalhar junto com os técnicos melhorou nossa produção e isso nos ajuda a ter um emprego e renda fixa. Nossa parte é mostrar o que é possível produzir por meio dos frutos que floresta nos oferece”, disse ele.
A farmacêutica Silvia Basso, coordenadora do Laboratório de Produtos Naturais da Funtac, explica que há uma grande troca de experiência entre a área técnica e as comunidades beneficiadas.
“A biodiversidade da flora existente no Acre é muito grande e existe um conhecimento tradicional na utilização de plantas medicinais pelos povos da floresta. Nosso objetivo é apoiar essas populações no aprimoramento de técnicas e descobrir, por meio de pesquisas tecnológicas, novos usos para os princípios ativos presentes nas espécies nativas”, ressalta ela.