Melhor que ter uma produção é poder associar vários tipos de cultura numa mesma propriedade. É nesse contexto que as cadeias sustentáveis que estão ganhando força no Acre vêm mudando a vida dos produtores familiares, que outrora dependiam, em maioria, da agricultura e da pecuária.
Gleidison dos Santos é um exemplo disso. Antes de apostar na suinocultura, ele e a família viviam da criação de gado e da agricultura de subsistência, até entrar no projeto de parceria público-privado-comunitária proposto pelo governo do Estado.
A proposta do governo é garantir aos pequenos produtores alternativas que gerem renda e fortaleçam essas cadeias, a fim de reaproveitar áreas abertas e manter a floresta de pé.
O produtor teve acesso a crédito para financiar os equipamentos do galpão construído pelo governo, com capacidade para fazer a engorda de até 500 suínos.
Assim, a Dom Porquito – empresa que inaugura o frigorífico de suínos de Brasileia – faz a entrega de lotes de leitões para que ele e a família façam a terminação e entreguem prontos para o abate.
O pagamento, feito mediante o peso de cada animal, tem viabilizado o aumento da renda mensal da família, que chega a receber aproximadamente R$ 6 mil por lote trimestral.
Como a engorda dos suínos não é uma tarefa que demanda dedicação exclusiva, ainda sobra tempo para plantar milho, cuidar da horta e dedicar tempo à família.
Morador do ramal Cumaru e pai de dois filhos, Gleidison faz planos com a esposa. “Hoje nosso sentimento é de gratidão por ter aparecido essa oportunidade. Dá para sonhar em ter algum bem, até fazer um consórcio de um carro, porque hoje a gente pode dizer que tem uma renda fixa. Isso está me animando”, expressa.
Venda garantida
Já Mário Maffi fez um investimento mais ousado, inclusive em maquinário. O produtor tem a venda de todos os 450 hectares de plantação de milho garantida para a empresa Acreaves – o primeiro frigorífico de aves instalado no estado. Ele e a família começaram a plantar em 2006 em uma propriedade rural de Brasileia, e hoje colhem os frutos dessa parceria de longa data.
Segundo Maffi, a atividade é bastante lucrativa porque nela se completa todo o ciclo da cadeia produtiva da avicultura e da suinocultura, de modo que toda a produção de milho vai direto para a fábrica de ração da região. “A gente já vende antes de colher para as indústrias Acreaves e Dom Porquito. Por hectare, estamos colhendo uma média de 150 sacas, e isso nos deixa muito felizes”, salienta.
O produtor, ao lado dos irmãos, também tem galpões de engorda de suínos para a Dom Porquito. “Ou seja, o milho que a gente colhe e entrega para ser beneficiado no silo, e depois vai para a fábrica de ração, volta para a nossa granja de suínos”, completa.
Sobre as dificuldades que surgiram no início, Maffi conta: “Continuamos na atividade porque amamos a agricultura e tivemos o apoio do governo, que melhorou os ramais para o escoamento, que construiu silos graneleiros, que apostou na criação de indústrias que viabilizasse a comercialização da nossa produção. Antes de termos tudo isso foi muito difícil, mas hoje qualquer um pode investir sem medo de dar errado”.
Visão empreendedora
A avicultura mudou de forma definitiva a vida de Josefa de Oliveira Lopes, que ao lado da família fez o investimento em mais um galpão de engorda de pintos para a Acreaves. O primeiro foi construído pelo governo, com 50 metros. Já acreditando que o projeto daria certo, a produtora rural ampliou em mais 30 metros.
Segundo Josefa, a melhoria dos ramais foi um fator preponderante para o crescimento da cadeia. Assim, a empresa entrega os lotes, os produtores fazem a engorda e devolvem para a Acreaves. Ao todo, são sete lotes anuais, o que possibilita uma renda média de R$ 20 mil/ano.
Como prova de que o negócio é viável, ela financiou o segundo galpão, que funciona com sistema automático. Para Josefa, acreditar no projeto é o primeiro passo para o sucesso: “Tem que acreditar que vai dar certo, mas tem que dedicar tempo nisso. Para mim e para minha família, essa parceria com o governo e a Acreaves foi muito boa e ajudou bastante. O nome da gente tem crédito, já conseguimos melhorar nossa casa e comprar nosso carro”, frisou.